terça-feira, 23 de novembro de 2010

Piove

Ciao!

Há tanto tempo que não escrevo no meu blog que quase tenho a sensação que se perdeu o propósito do que criei. A ideia de contar tudo, todos os dias com pormenor, de vos transmitir o que se passa comigo na cidade eterna, tudo isto por alguém que nasceu (e pertence) a Portugal.

Em parte por falta de tempo, por preguiça, mas sobretudo porque o meu computador se estragou, as novidades vão escasseando para os meus leitores mais ou menos assíduos. Ficar sem computador em Roma é assustador, porque a comunicação com quem nos é querido em Portugal fica de todo condicionada. Mas permite-nos pensar noutras coisas, aproveitar melhor o tempo.

O tempo. Lá fora está frio, às vezes chove. No calendário, o tempo passa ridiculamente rápido. E se por um lado anseio o Natal e quero matar saudades, por outro gostava que o tempo parasse e Roma fosse a minha casa por tempo indefinido.

Hoje é dia 23 de Novembro. Há 20 dias que não escrevia. E seria impossível contar tudo o que se tem passado. As festas, os jantares e os passeios sucedem-se, como sempre, neste clima de constante diversão, como se estivéssemos permanentemente em férias. Coisa que está muito longe de ser verdade, a julgar pela quantidade de matéria que temos de estudar e os trabalhos que teremos de fazer até Janeiro.

Na semana passada recebi aqui em Roma duas pessoas muito importantes para mim, duas amigas de sempre que comigo partilharam momentos únicos que pouca gente compreende. A Joana e a Becas passearam comigo pela cidade eterna, e com elas acabei por visitar locais que ainda não conhecia, como o belíssimo Castelo de St. Ângelo, com as suas vistas incríveis sobre o Vaticano. O enorme museu do país mais pequeno do mundo também me deixou boquiaberta, pelo luxo e beleza que (afinal) a Igreja exibe. De facto, o Museu do Vaticano não é apenas um, são muitos, e cada um mais fascinante que o anterior. E a Capela Sistina, de que tanto se fala, merece ser vista, e só quem vê pode julgar.

Na faculdade, as coisas vão correndo, vamos conhecendo gente nova que nos ajuda a ultrapassar as barreiras da língua, e vamos tentando mais ou menos assimilar a matéria ensinada. No outro dia fizemos um trabalho de grupo, e tivemos muita sorte, porque conhecemos uma brasileira (estudante em Roma há 5 anos), que é possivelmente a pessoa mais prestável que eu já conheci. Aliás, todos os brasileiros que eu conheci em Roma são extremamente simpáticos, e por isso eu corroboro a ideia de que aquele povo, pobre ou rico, ou é mesmo muito feliz ou faz de tudo por isso. Os outros colegas do nosso grupo, italianos, também nos receberam muito bem, e penso que são bons alunos e podem ajudar-nos no que precisarmos.

Continuo frequentante assídua das visitas organizadas pelo ESN (e se não sabem o que é o ESN, é porque nunca leram este blog, e, passando a publicidade, até é uma leitura bem interessante. Nem sabem o que perderam!). Outro dia fui visitar a Galeria de Arte Moderna, e, entre quadros e esculturas dos séculos XIX e XX, dei de caras com a famosa “Fonte”, o urinol reinventado por Duchamp, e uma série de outras obras características do Dadaísmo. E se não sabem o que é o Dadaísmo… bem, em síntese, é um movimento artístico do inicio do século, o expoente máximo da “anti-arte”, que visa elevar os objectos do quotidiano à categoria de obras, que defende o aleatório e pretende, acima de tudo, chocar. Enfim, vão pesquisar à Internet. Aculturem-se, leitores.

Outra das actividades que agora pratico é o volley. Quem me conhece bem vai ficar extremamente surpreendido com esta novidade. É que, de todos os desportos, o volley sempre foi o meu calcanhar de Aquiles. No ensino secundário, a professora, ao ver o meu esforço e a facilidade com que executava alguns exercícios (nomeadamente de ginástica acrobática), e a minha forma física superior à dos outros alunos (por ter dançado durante 5 anos), estava logo tentada a dar-me uma óptima nota no final do ano. Mas, quando me via jogar volley, as suas esperanças dissipavam-se. É que eu não tinha mesmo, mesmo jeito nenhum. Bem me esforçava, e corria, e saltava, mas nunca consegui grande coisa. Mas agora, aqui em Roma, decidi inscrever-me no volley, na turma de iniciantes. Aprendemos tudo de base, bem devagarinho, como eu gosto. E inclusive, praticar desporto faz-me bem, porque sentia que já não conseguia correr e exercitar-me como dantes, parecia uma bola de gordura ociosa que mais não faz do que comer e dormir. Portanto, como vêem, o volley só tem aspectos positivos, mesmo para quem não sabe jogar. E tenho dito.

Sábado à noite houve uma iniciativa muito original aqui em Roma, “Musei in Musica”. Das 8 da noite às duas da manhã, a grande maioria dos museus da cidade estavam abertos para acolher concertos de todo o tipo de bandas. Os museus encheram-se de gente, e por pouco não tínhamos ficado cá fora. Aninhadas entre a multidão, conseguimos assistir a uma actuação que incluía duas bailarinas, um pintor, um guitarrista e um percussionista. E tudo acontecia ao mesmo tempo: a música, a dança e a pintura, que o pintor pintava na tela e nos vestidos das bailarinas, tudo em perfeita sintonia. No fim ainda nos serviram vinho e batatas fritas, e teria sido uma noite engraçada se não tivessem roubado a carteira à Inês. Sem documentos, sem qualquer tipo de identificação, sem dinheiro, foi como acabou o Sábado à noite da pobre Inês.

Neste Domingo fomos a Assisi e Orvieto, duas cidades italianas, através do ESN. São cidades pequenas mas que vale a pena visitar, num dia de Sol. O que não foi o caso. Choveu torrencialmente todo o dia e o frio dos casacos encharcados congelou-nos as mãos, e os pés, e o corpo todo. Por isso, mais do que as imponentes igrejas e os monumentos turísticos das duas cidades, guardo desta viagem outro tipo de recordações, não menos agradáveis e bem mais molhadinhas, que nos fizeram rir com os nossos amigos estrangeiros e nos levaram a tomar um banho bem quente, de volta a Roma.

E pronto, por cá a vida continua, entre aulas e passeios. Fomos hoje registar-nos na embaixada, porque, como típicas portuguesas, só depois de a Inês ter sido roubada é que nos lembramos da importância de o fazermos. A Inês apresentou ontem queixa à polícia, e já começa a reaver grande parte do que perdeu. Na embaixada vão passar-lhe um documento provisório, até conseguir um novo BI, em Portugal.
Continuo sem computador. Este é o da Ana. E ela deve estar mesmo, mesmo a chegar.

Arrivederci!

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Halloween

Ciao!

Hoje a minha introdução vai ser breve: não quero saber se já estamos em Novembro, se o tempo passa a voar. Se estamos na cidade eterna, então o tempo é eterno. Para já, e enquanto dura, o Erasmus é eterno

Portanto em Outubro tinha-vos contado o escândalo da última discoteca e do “roubo” do meu lindo casaco sem marca. Nestes últimos dias, temos andado a correr entre aulas e idas à biblioteca, para assegurar que não voltamos para Portugal sem nenhuma cadeira feita. Quero dizer, isto aqui não é só festa, não pensem!

Na noite de 31 de Outubro festejámos o Halloween em mais uma das festas organizadas pelo ESN. Apesar de não termos comprado grande coisa para nos mascararmos, vestimo-nos todos de preto e pintámos a cara com bastante maquilhagem. Eu estava particularmente assustadora, muito branca na cara e com sombra preta ao redor dos olhos. Como sou uma pessoa muito simpática, até vos deixo uma fotografia que tirei com as portuguesas cá da Comunidade, mas através do facebook podem ver muitos outros disfarces de colegas nossos, alguns realmente bem produzidos. Como os rapazes espanhóis que se mascararam à boneco do filme “Saw”, por exemplo.



De resto, duas amigas da Inês vieram cá passar uns dias, de maneira que tenho aproveitado para passear bastante com elas. Num dos dias ainda tentei ir ao Museu do Vaticano, mas a fila de duas horas fez com que desistisse e voltasse para as aulas.

Hoje fomos ver mais um filme italiano; à Quarta-feira há sempre sessão de cinema pelo ESN. “Il mio fratello e` figlo único” é um filme engraçado sobre dois irmãos muito diferentes, sobre fascismo, comunismo e uma série de temas interessantes da Itália dos anos 60 e 70.

E pronto, hoje não estou muito inspirada, hei-de escrever mais qualquer dia!

Arrivederci!