sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Capodanno

Ciao!

Último dia do ano 2010. Deixei hoje de manhã a cidade invicta, e agora estou aqui, no nosso quarto/cozinha/sala de jantar, na cidade eterna. Sensação de regresso a casa, sem menosprezar a casa portuense e tudo o que de bom, de maravilhoso me ampara em Portugal.

10 dias no país que me viu nascer, sintetizados em muita conversa, e abraços apertados e comida da mamã. Revi quem me quer bem, pus-me a par das novidades, criei novidades novas e improvisadas. Saudades, e planos, muitos planos, adiados para meios de Fevereiro, porque agora é tempo de Roma, mais mês e meio de Roma.

Infelizmente, tempo também de exames. Não falemos disso, porque hoje é o último dia do ano. Esqueçamos por momentos os dias de estudo intensivo que me aguardam a partir de amanhã, e foquemo-nos na noite de hoje.

Passagem de ano, frente ao Coliseu, no meio da multidão de romanos e turistas habituais. Imponente, sempre, durante o dia, mas mais ainda nesta noite tão aguardada. Álcool a arder na garganta, por causa do frio (cidade gelada, no Invero!), e quem sabe acabar a noite a dançar na discoteca maior e mais bonita, tão nossa conhecida, hoje com cinco pistas abertas para nós.

Mas sobre a noite de hoje, não vou especular. Vou escrever sobre ela, mais tarde.

Portugueses, meus portugueses. Espero que o vosso Natal tenha sido pelo menos tão bom como o meu. Divirtam-se esta noite.

Feliz 2011.

Arrivederci!

sábado, 18 de dezembro de 2010

Arrivederci*

Ciao!

Amanhã voo para Portugal. Voo mesmo, não com as minhas asas mas com a ajuda das do avião. É por isso que hoje as minhas estão murchas.

É uma sensação estranha. A vontade intensa de regressar à cidade invicta, à minha família e aos amigos de sempre e para sempre, a quem me quer bem. Mas, ao mesmo tempo, este medo de que tudo esteja diferente, ou então que tudo esteja igual, assustadoramente igual, e quem tenha mudado seja eu.

Eu já disse muitas vezes que para mim Roma não está à escala do Real. E a Raquel diz-nos muitas vezes que sim, que é real, que eu vivi mesmo todas estas experiências e todos os momentos passados na cidade eterna, desde o dia 3 de Setembro. Mas, lá no fundo, se calhar continuamos todas a acreditar que adormecemos, numa tarde de calor, na Praça de S.Pietro, no Vaticano, e a partir daí o tempo parou e tudo o que se lhe seguiu foi, e está a ser, um sonho.

Hoje não vou falar das festas a que fui, nem das pessoas que conheci ou dos lugares que visitei. Vou deixar-me estar quietinha em casa mais uma hora, porque amanhã a casa será diferente. A culpa foi da Vanessa, que se enganou e pôs o despertador uma hora mais cedo do que era suposto, e, portanto, eu acordei às 8 e dormi menos do que tinha planeado.

É engraçado pensar que, a partir de Terça-feira, vou acordar sempre uma hora mais tarde, durante 10 dias.

Arrivederci!

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

L'albero di Natale

Ciao!

À minha volta toda a gente corre de um lado para o outro, a maior estação de Roma apinhada de gente que se quer proteger do frio junto ao calor do consumismo. Estou em frente à árvore de Natal de Termini.

No lugar de bolas de cristal, folhas de papel. Declarações de amor e cartas ao Babbo Natale. Desejos e ambições, projectos mais ou menos essencias para 2011 (que o Roma ganhe o campeonato este ano, por favor) (por favor, Babbo Natale, faz-me passar nos exames de Janeiro!).

E, no meio das vozes indistintas, uma voz conhecida. Estava tão concentrada na árvore que nem reparei que chamava por mim um amigo meu, italiano, siciliano. Reparou com certeza na minha cara, como que hipnotizada pela árvore. Não percebo o porquê desta sensibilidade, nem o que representa. Talvez seja por estar longe da minha família de sangue e ter saudades.

Ele rasga um papel em dois e eu escrevo o meu desejo, em italiano. Quero voltar a Roma um dia.

Já está o desejo pendurado na árvore de Natal de Termini.





Já tinham saudades minhas e só passou uma semana desde que vos escrevi. Anda a apoderar-se de mim o espírito natalício, e depois acontece isto: faço uma pausa no meu estudo de italiano e ponho-me a escrever em português.

A semana foi passada a preparar trabalhos para a faculdade. Pois é, tem de ser. Quarta-feira ainda fui ao cinema do ESN, e vi um dos melhores filmes italianos de que me lembro (e olhem que, com esta rotina de ir ao cinema todas as quartas-feiras ver filmes italianos antigos, até já conheço bastantes). “Indagine Su Un Cittadino Al Di Sopra Di Ogni Sospetto” é um filme de 1970 sobre o poder da polícia e a sua influência política, que aconselho vivamente.

Quinta-feira acordámos cedo e fomos à faculdade entregar um resumo das nossas propostas de trabalho para a cadeira de Semiótica. Felizmente a professora gostou do que cada uma de nós escreveu (sim, meus amigos, tudo em italiano), e deu-nos luz verde para avançar com o projecto para Janeiro. O meu tem a ver com o filme “Schindler’s List”, e a importância da imagem segundo a óptica de um determinado filósofo, mas eu depois explico-vos melhor.

Quinta-feira tem-se tornado cada vez mais noite de “Kube”, que é uma grande discoteca onde há concertos interessantes e três andares onde se ouvem músicas muito diferentes. O “Kube” não é só frequentado por estudantes estrangeiros, mas sobretudo por italianos, e por isso acabámos por conhecer alguns.

Sexta-feira foi o dia da nossa ceia de Natal, e da troca de prendas entre os portugueses. A Joana preparou bacalhau com natas para 18 pessoas, foi uma proeza incrível. No fim do jantar, trocámos as prendas que tínhamos comprado. Pequenas lembranças até cinco euros, embrulhadas em sacos do lixo pretos sem remetente, para cada um adivinhar quem lhe tinha dado o presente. A mim foi o João que me deu uma espécie de insenso muito agradável, e eu dei à Sara um gel de banho com cheiro a frutas, muito forte e muito bom.

Às 3 da manhã, a Vanessa, o João e o Camelo partiram para a Polónia, onde vão ficar até Quinta, na casa de uma amiga que também está a fazer Erasmus. Eles foram-se embora e eu estou cheia de saudades! Mais tarde chegaram duas amigas da Raquel, que a vieram visitar.

Eu passei o Sábado a passear e à procura de umas meias de vidro que ficassem bem com o vestido que a Vanessa me emprestou para a gala da noite. Sim, o ESN organizou uma gala de fim-de-ano antecipada, no dia 19, porque a maioria dos estudantes europeus vai regressar a casa no Natal. Dancei e diverti-me bastante, como é costume, mas desta vez com dores nos pés, devido aos sapatos de salto alto, na tentativa de ir vestida a rigor. Aproveito aqui para referir que a Ana me ajudou a voltar para casa ao emprestar-me as botas dela (Ana, estás aqui!), apesar de termos andado um bocado a pé com a Inês e o Alejandro (aquele nosso vizinho espanhol), porque não encontrámos o autocarro noturno. E porquê? Porque os nossos queridos vizinhos portugueses estão na Polónia, e eles sempre foram o nosso GPS. Por isso sem eles perdemo-nos mais vezes.

Foi no Domingo que escrevi o texto que inicia a minha publicação de hoje. Fui com um amigo siciliano comprar chocolates, e perdi-me a olhar para a árvore de Natal de Termini. À noite fomos com as amigas da Raquel jantar a Trastevere, onde provei uma massa com frutos do mar, e para acabar bem o dia nada melhor do que um Tiramisu de morango, no “Pompi, il Regno di Tiramisu”.

Ontem passei o dia a estudar italiano e numa aula aborrecida de Comunicação Pública.Foi por isso que não cozinhei para o Eurodinner, e a Cláudia, a Ana e a Inês fizeram as natas do céu. O Eurodinner é um jantar onde cada grupo de pessoas traz uma comida típica do seu país. E devo dizer que comi até não poder mais! Depois fomos ao Locanda (aquele bar/discoteca muito alternativo de que vos falei a semana passada), mas não voltamos muito tarde. Porquê?

Porque amanhã tenho exame de italiano. É verdade. E hoje o dia está a ser passado em casa a estudar. Com esta pequena pausa para escrever, note-se.
Agora com licensa. A gramática chama por mim.

Arrivederci!

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Oggi mi sento di scrivere

Ciao!

A Ana chegou a Portugal no dia 1 de Dezembro, e só voltou a Roma no dia 6. Foi fazer uma surpresa ao pai, que fez anos. Encontrou viagens baratas pela RyanAir, Roma-Madrid e Madrid-Porto, e voltou à pátria durante uns dias. E durante uns dias a cama foi só minha, pude desarrumar o quarto à-vontade e atirar a roupa para o lado dela, e ninguém me criticou! E, mesmo assim, tive tantas saudades. Tive tantas, tantas saudades do meu floco favorito...

Por cá, o peso dos trabalhos da faculdade e dos exames que se aproximam começa a fazer-se sentir, e é assustador. Esta Quinta-feira, por exemplo, vou entregar um “abstract” à minha professora de “Semiotica”, um resumo da minha proposta de trabalho para Janeiro.

Sexta-feira fui às compras com a Vanessa. Ela ainda comprou bastantes prendas, eu limitei-me a comprar a prenda de Natal para o meu querido irmão, mas fiquei toda contente. Tenho a certeza que ele vai adorar!

À noite fomos a uma discoteca já bem conhecida, que eu gosto muito, porque tem várias pistas de dança com diferentes tipos de música. Desta vez havia duas pistas abertas, uma onde supostamente se dançava“reggaeton”e outra mais “rock indie”, pelo menos foi o que lhe chamaram. Nomes à parte, dancei músicas que já não ouvia há muito tempo, e o único problema foi mesmo a dor de ouvidos e a sensação de surdez porque, não sei bem porquê, nessa noite a música estava demasiado alta, insopurtável para qualquer ser humano normal. Bem, tive mais algumas pseudo-chatisses para além do volume ensurdecedor da discoteca, mas essas foram pseudo-chatisses de Erasmus, daquelas que não se contam.

(Em Erasmus, tudo têm uma importância um pouco relativa. As chatisses não podem durar muito, porque o Erasmus vai acabar depressa e não há tempo para isso. Aliás, estás a tentar recuperar de uma chatisse que pensas que te afectou profundamente,e, na verdade, logo te aparece outra oportunidade de pseudo-chatisse futura. Gosto.)

Sábado, ainda meia ensonada, visitei uma pequena parte das “Catacumbas de Priscilla”. Mais uma visita organizada pelo ESN, que eu gostei particularmente. Os 14 kilómetros de túneis subterrâneos onde se conservavam os mortos podem parecer mórbidos para muita gente. Para mim, parece-me um óptimo lugar para pensar na vida, passear sem apanhar chuva e jogar às “escondidinhas” com amigos.

À noite, depois do treino de volley (que correu particularmente bem, porque éramos poucos a treinar), fomos a S.Lorenzo. A zona dos estudantes italianos, que é como quem diz, a verdadeira vida académica romana, à parte erasmus. Fomos com um amigo italiano, o Aldo, que nos levou a uma livraria-bar, e eu bebi consolada um chocolate quente com canela que me soube mesmo, mesmo bem. Até porque a noite estava gélida (ainda que não tão gélida como no Porto, pelo que ouço dizer).

Domingo foi dia de me rebolar em casa, de pijama, estudar italiano e adiantar trabalhos para a faculdade. À noite a Inês cozinhou frango com arroz branco, comida pouco italiana mas bem saborosa, que partilhámos num grande jantar com os vizinhos portugueses, o sueco e o espanhol.

Segunda-feira fui às aulas, como pessoa aplicada que sou, e, não me lembro bem, mas acho que ainda estudei qualquer coisa. À noite fizemos um sorteio entre os portugueses, o típico amigo secreto de Natal. Escrevemos os nomes de todos em pequenos papeis, pusémos dentro de um copo de plástico da cantina, e cada um de nós retirou um papel, aleatoriamente. E agora temos de oferecer uma prenda, com o valor máximo de 5 euros, à pessoa que nos calhou.

O resto da noite foi totalmente... alternativo. Fomos, com os novos vizinhos, o sueco e o espanhol, a uma discoteca/bar que não conhecíamos, em S.Lorenzo. Se eu escrevesse sobre toda a noite, iria demorar horas a descrever tudo, por isso vou atirar palavras ao ar: um palco onde cantavam e dançavam homens e mulheres semi-nus, paredes forradas de pinturas satânicas, projecções da virgem Maria em grande plano, chicotes, venda de brincos e pulseiras para ajudar a população do Kenia, homens a fazer malabarismo, música de todas as épocas e de todos os estilos, anúncios dos anos 80 transmitidos num grande ecrâ. Misturem tudo com alcóol e têm um grande coktail alternativo. Apreciem.

Parecendo que não, gostei da diferença. Se houvesse alguma possibilidade de Roma cair na rotina, a noite de ontem quebrou-a totalmente.

Arrivederci!

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Tre Mesi

Ciao!

Reparo que uma gota de água caiu no teclado do computador. Escorreu do meu cabelo molhado, cheira a shampoo. É Sexta-feira, Venerdí, e mais uma festa de Erasmus, dentro de poucas horas.

Hoje é dia 3 de Dezembro. O que equivale a dizer que estou em Roma há precisamente 3 meses. Isto significa que há 90 dias que não estou em Portugal, que a cada dia que passa espero na "fermata" o "autobus" para a faculdade, porque o "autocarro" e a "paragem" ficaram lá na pontinha oeste da Europa.

Há mais de duas mil horas que percorro Itália e vivo tão livre, tão independente no meu pequeno apartamento romano.

Um dia hei de entender o tempo.

Arrivederci!

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Vita

Ciao!

Há coisas que simplesmente não posso descrever. E, de repente, parece que o propósito deste blog desapareceu. Partilhar com toda a gente o que vivo em Roma? Foi a coisa mais estúpida que já tentei fazer. Há coisas que não posso contar, há coisas que não sei explicar, há coisas que ninguém compreende. É preciso vivê-las.

Posso contar-vos que os dias parecem passar cada vez mais rápido. Que andamos de festa em festa, que cada vez tentamos passear mais e aproveitar mais esta experiência única, porque o tempo parece ter pressa. Ontem fui ao Castelo de St. Ângleo à noite, numa visita organizada pelo ESN, e, como sempre, adorei. Hoje fui ao cinema ver mais um filme italiano, de 2005: “Quo Vadis, Baby?”, e gostei muito.

Estou assustada com a quantidade de coisas que tenho para estudar. Trabalhos para fazer, livros para ler, tudo em italiano, que ainda não domino como queria. É preciso ter coragem…

Aqui em Roma está muito frio, o que acaba por aguçar o meu espírito natalício. Vamos fazer um almoço de Natal, e trocar prendas entre nós. E por falar em prendas, Sexta-feira devo ir comprar prendas para a família. Consumismo de Dezembro, já se sabe.

Tenho dois novos vizinhos: um sueco e um espanhol. São muito simpáticos, já vieram cá a casa apresentar-se. Parece que nos vamos dar bastante bem.

Bem, mas há coisas que simplesmente não consigo descrever. E, enquanto escrevo isto, penso em tudo, e faço uma lista mental do que devia contar, e nesta lista não cabe tudo, não cabe nada. Se em Erasmus choramos, desesperamos, atrofiamos, então não é menos verdade que vivemos tudo tão intensamente, porque sabemos que vai acabar mais rápido do que pensámos.

Obrigada:
•Aos meus pais, que sustentam à meses estes meus vícios em Roma;
•A toda a gente que me vem visitar, gosto muito de vos mostrar a minha nova cidade;
•À minha família daqui, vocês, Comunidade;
•A todas as pessoas que me fizeram crescer, aprender, rir, brincar e aproveitar aqui em Roma.

Arrivederci!

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Piove

Ciao!

Há tanto tempo que não escrevo no meu blog que quase tenho a sensação que se perdeu o propósito do que criei. A ideia de contar tudo, todos os dias com pormenor, de vos transmitir o que se passa comigo na cidade eterna, tudo isto por alguém que nasceu (e pertence) a Portugal.

Em parte por falta de tempo, por preguiça, mas sobretudo porque o meu computador se estragou, as novidades vão escasseando para os meus leitores mais ou menos assíduos. Ficar sem computador em Roma é assustador, porque a comunicação com quem nos é querido em Portugal fica de todo condicionada. Mas permite-nos pensar noutras coisas, aproveitar melhor o tempo.

O tempo. Lá fora está frio, às vezes chove. No calendário, o tempo passa ridiculamente rápido. E se por um lado anseio o Natal e quero matar saudades, por outro gostava que o tempo parasse e Roma fosse a minha casa por tempo indefinido.

Hoje é dia 23 de Novembro. Há 20 dias que não escrevia. E seria impossível contar tudo o que se tem passado. As festas, os jantares e os passeios sucedem-se, como sempre, neste clima de constante diversão, como se estivéssemos permanentemente em férias. Coisa que está muito longe de ser verdade, a julgar pela quantidade de matéria que temos de estudar e os trabalhos que teremos de fazer até Janeiro.

Na semana passada recebi aqui em Roma duas pessoas muito importantes para mim, duas amigas de sempre que comigo partilharam momentos únicos que pouca gente compreende. A Joana e a Becas passearam comigo pela cidade eterna, e com elas acabei por visitar locais que ainda não conhecia, como o belíssimo Castelo de St. Ângelo, com as suas vistas incríveis sobre o Vaticano. O enorme museu do país mais pequeno do mundo também me deixou boquiaberta, pelo luxo e beleza que (afinal) a Igreja exibe. De facto, o Museu do Vaticano não é apenas um, são muitos, e cada um mais fascinante que o anterior. E a Capela Sistina, de que tanto se fala, merece ser vista, e só quem vê pode julgar.

Na faculdade, as coisas vão correndo, vamos conhecendo gente nova que nos ajuda a ultrapassar as barreiras da língua, e vamos tentando mais ou menos assimilar a matéria ensinada. No outro dia fizemos um trabalho de grupo, e tivemos muita sorte, porque conhecemos uma brasileira (estudante em Roma há 5 anos), que é possivelmente a pessoa mais prestável que eu já conheci. Aliás, todos os brasileiros que eu conheci em Roma são extremamente simpáticos, e por isso eu corroboro a ideia de que aquele povo, pobre ou rico, ou é mesmo muito feliz ou faz de tudo por isso. Os outros colegas do nosso grupo, italianos, também nos receberam muito bem, e penso que são bons alunos e podem ajudar-nos no que precisarmos.

Continuo frequentante assídua das visitas organizadas pelo ESN (e se não sabem o que é o ESN, é porque nunca leram este blog, e, passando a publicidade, até é uma leitura bem interessante. Nem sabem o que perderam!). Outro dia fui visitar a Galeria de Arte Moderna, e, entre quadros e esculturas dos séculos XIX e XX, dei de caras com a famosa “Fonte”, o urinol reinventado por Duchamp, e uma série de outras obras características do Dadaísmo. E se não sabem o que é o Dadaísmo… bem, em síntese, é um movimento artístico do inicio do século, o expoente máximo da “anti-arte”, que visa elevar os objectos do quotidiano à categoria de obras, que defende o aleatório e pretende, acima de tudo, chocar. Enfim, vão pesquisar à Internet. Aculturem-se, leitores.

Outra das actividades que agora pratico é o volley. Quem me conhece bem vai ficar extremamente surpreendido com esta novidade. É que, de todos os desportos, o volley sempre foi o meu calcanhar de Aquiles. No ensino secundário, a professora, ao ver o meu esforço e a facilidade com que executava alguns exercícios (nomeadamente de ginástica acrobática), e a minha forma física superior à dos outros alunos (por ter dançado durante 5 anos), estava logo tentada a dar-me uma óptima nota no final do ano. Mas, quando me via jogar volley, as suas esperanças dissipavam-se. É que eu não tinha mesmo, mesmo jeito nenhum. Bem me esforçava, e corria, e saltava, mas nunca consegui grande coisa. Mas agora, aqui em Roma, decidi inscrever-me no volley, na turma de iniciantes. Aprendemos tudo de base, bem devagarinho, como eu gosto. E inclusive, praticar desporto faz-me bem, porque sentia que já não conseguia correr e exercitar-me como dantes, parecia uma bola de gordura ociosa que mais não faz do que comer e dormir. Portanto, como vêem, o volley só tem aspectos positivos, mesmo para quem não sabe jogar. E tenho dito.

Sábado à noite houve uma iniciativa muito original aqui em Roma, “Musei in Musica”. Das 8 da noite às duas da manhã, a grande maioria dos museus da cidade estavam abertos para acolher concertos de todo o tipo de bandas. Os museus encheram-se de gente, e por pouco não tínhamos ficado cá fora. Aninhadas entre a multidão, conseguimos assistir a uma actuação que incluía duas bailarinas, um pintor, um guitarrista e um percussionista. E tudo acontecia ao mesmo tempo: a música, a dança e a pintura, que o pintor pintava na tela e nos vestidos das bailarinas, tudo em perfeita sintonia. No fim ainda nos serviram vinho e batatas fritas, e teria sido uma noite engraçada se não tivessem roubado a carteira à Inês. Sem documentos, sem qualquer tipo de identificação, sem dinheiro, foi como acabou o Sábado à noite da pobre Inês.

Neste Domingo fomos a Assisi e Orvieto, duas cidades italianas, através do ESN. São cidades pequenas mas que vale a pena visitar, num dia de Sol. O que não foi o caso. Choveu torrencialmente todo o dia e o frio dos casacos encharcados congelou-nos as mãos, e os pés, e o corpo todo. Por isso, mais do que as imponentes igrejas e os monumentos turísticos das duas cidades, guardo desta viagem outro tipo de recordações, não menos agradáveis e bem mais molhadinhas, que nos fizeram rir com os nossos amigos estrangeiros e nos levaram a tomar um banho bem quente, de volta a Roma.

E pronto, por cá a vida continua, entre aulas e passeios. Fomos hoje registar-nos na embaixada, porque, como típicas portuguesas, só depois de a Inês ter sido roubada é que nos lembramos da importância de o fazermos. A Inês apresentou ontem queixa à polícia, e já começa a reaver grande parte do que perdeu. Na embaixada vão passar-lhe um documento provisório, até conseguir um novo BI, em Portugal.
Continuo sem computador. Este é o da Ana. E ela deve estar mesmo, mesmo a chegar.

Arrivederci!

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Halloween

Ciao!

Hoje a minha introdução vai ser breve: não quero saber se já estamos em Novembro, se o tempo passa a voar. Se estamos na cidade eterna, então o tempo é eterno. Para já, e enquanto dura, o Erasmus é eterno

Portanto em Outubro tinha-vos contado o escândalo da última discoteca e do “roubo” do meu lindo casaco sem marca. Nestes últimos dias, temos andado a correr entre aulas e idas à biblioteca, para assegurar que não voltamos para Portugal sem nenhuma cadeira feita. Quero dizer, isto aqui não é só festa, não pensem!

Na noite de 31 de Outubro festejámos o Halloween em mais uma das festas organizadas pelo ESN. Apesar de não termos comprado grande coisa para nos mascararmos, vestimo-nos todos de preto e pintámos a cara com bastante maquilhagem. Eu estava particularmente assustadora, muito branca na cara e com sombra preta ao redor dos olhos. Como sou uma pessoa muito simpática, até vos deixo uma fotografia que tirei com as portuguesas cá da Comunidade, mas através do facebook podem ver muitos outros disfarces de colegas nossos, alguns realmente bem produzidos. Como os rapazes espanhóis que se mascararam à boneco do filme “Saw”, por exemplo.



De resto, duas amigas da Inês vieram cá passar uns dias, de maneira que tenho aproveitado para passear bastante com elas. Num dos dias ainda tentei ir ao Museu do Vaticano, mas a fila de duas horas fez com que desistisse e voltasse para as aulas.

Hoje fomos ver mais um filme italiano; à Quarta-feira há sempre sessão de cinema pelo ESN. “Il mio fratello e` figlo único” é um filme engraçado sobre dois irmãos muito diferentes, sobre fascismo, comunismo e uma série de temas interessantes da Itália dos anos 60 e 70.

E pronto, hoje não estou muito inspirada, hei-de escrever mais qualquer dia!

Arrivederci!

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Sorpresa!

Ciao!

Desde o dia 20 de Outubro já se passaram tantas coisas que, se eu fosse a descrevê-las todas, ocuparia páginas sem conta e fazer-vos-ia perder horas e horas em frente ao computador. Por outro lado, nem me lembro bem de todos os pormenores desta última semana. Mas há coisas que, definitivamente, não vou esquecer.

Quarta-feira, depois de um dia aborrecido de muitas horas de aulas, fomos sair, a mais uma festa de Erasmus. Eu tinha passado algum tempo na Internet, a falar com amigos e com a minha família e, por isso, fiquei surpreendida quando, por volta das 11 da noite, estava eu prestes a sair de casa, recebo uma mensagem do meu irmão, a dizer que me ia ligar. Fiquei um pouco preocupada, mas quando atendi ouvi-o a dizer:

“Olha, amanhã posso ir aí?”

Sim, o meu irmão perguntou-me, Quarta à noite, se podia vir do Porto e aparecer em Roma no dia seguinte. E veio mesmo. Depois de uma noite muito divertida, onde dancei até não poder mais e contactei com estudantes Erasmus de várias nacionalidades, quase não tive oportunidade de repor o sono perdido.

O Pedro chegou por volta das duas da tarde, e eu faltei à única aula que tinha nesse dia para o ir buscar. Pela terceira vez desde que estou em Roma executei quase na perfeição o meu papel de guia turística. Visitámos a Piazza Navona, a Piazza di Spagna, a Fontana di Trevi, o Panteão e a Piazza del Popolo, tudo na mesma tarde. Percorremos as ruas de Roma em passo acelerado, e chegámos a casa estafados mas felizes por tudo o que tínhamos (re)conhecido. Como tínhamos andado muito, e o meu irmão tinha acordado muito cedo, optámos por ficar a ver um filme com os vizinhos, à noite. “A rapariga Siciliana”, filme original italiano, deve ser muito interessante, mas de tal forma estava confortável entre as almofadas de cama do João e do Pedro (a cama-base onde assistimos às sessões de cinema), adormeci quase imediatamente. Por isso, claramente, não sou a melhor pessoa para opinar sobre o que não vi.

Na Sexta-feira acordámos mais tarde do que o previsto. A Raquel, por seu lado, acordou bem cedo e foi para o aeroporto, porque foi passar o fim-de-semana a Portugal, para o casamento do primo. O meu irmão ficou com o cartão da cantina dela, e pôde comer à vontade a deliciosa comida italiana universitária, por preços bem acessíveis. E ainda beneficiou do passe de estudante, podendo usufruir de todos os transportes públicos romanos sem pagar.

Entretanto fomos ao Vaticano, passeámos pela praça e visitámos Basilica de São Pedro. À noite fomos fazer palhaçadas para a Fontana di Trevi, um local bem mais agradável de noite do que de dia, a julgar pelo número insuportável de turistas até à uma da manhã. Bebemos, jogámos jogos engraçados, enfim, divertimo-nos bastante, e eu pude matar saudades das parvoíces do meu irmãozinho.

Sábado chegou mais uma visita ao condomínio da Comunidade dos Portugueses em Roma. O Jota, amigo da Ana, também aproveitou as promoções da TAP, e apareceu a meio da tarde cheio de boa disposição e sotaque marcado do Marco de Canaveses.

Visitámos o Coliseu que, curiosamente, permitia e entrada gratuita, devido ao facto de terem sido abertas a público duas novas atracções: os subterrâneos e o terceiro andar. O Coliseu, por mais vezes que lá vá, continua sempre imponente! O seu encanto só é afectado pelas ideias pré-definidas de grandiosidade que, ingenuamente, esquecem as marcas de degradação. Não se esqueçam que aquilo foi construído entre os anos 70 e 90 D.C., não é propriamente recente…

Nessa noite continuámos a jogar jogos em grupo e a beber, e a dançar e a cantar e a ouvir música, tudo feito ao melhor estilo “home party”, que as coisas caseiras bem feitas, às vezes, saem bem melhor do que qualquer discoteca. Foi uma noite um bocadinho inesquecível por diversos (estúpidos) motivos, e muita palhaçada, como é costume.

Domingo, enquanto a Ana e o Jota inundavam a casa-de-banho e, consequentemente, toda a nossa pequena casa, e se entretinham a limpar o chão com a esfregona dos vizinhos, eu e o Pedro visitámos o Forum Romano. Foi divertido, porque recriamos algumas cenas daquele tempo (o sonho do Pedro, no fundo, era ser o personagem principal do “Gladiador”), e aprendemos bastante. Note-se que tudo isto foi possível graças ao guia turístico da Vanessa, fonte essencial de informação sobre Roma. Obrigada, Vanessa!

Ao fim da tarde fomos todos à Vila Borguese, que, como já sabem, é dos maiores parques de Roma. Uma espécie de Parque da Cidade do Porto, com patinhos e lagos e muito, muito verde, mas muito maior que o da Cidade Invicta. E à noite realizámos outra sessão de cinema, desta vez com o premiado filme “Os condenados de Shawshank”, que eu já tinha visto mas não me importei de rever.

Segunda-feira a minha rotina regressou mais ou menos à normalidade. Digo isto porque, na verdade, em Roma ainda não estabeleci uma verdadeira rotina. Há sempre coisas novas para ver, diferentes pessoas para conhecer e festas quase todos os dias. A sensação de rotina começa agora, finalmente, a ser construída, por causa das aulas diárias que frequentamos. Depois de levar o meu irmão à estação de comboios, fui ter uma aula de Comunicação Pública, seguida do curso de italiano ao fim da tarde. Entretanto a Raquel regressou de Portugal, e a noite decorreu sem grandes sobressaltos.

Terça-feira, mais aulas durante o dia e noite de Cucagna. O bar do costume das Terças-feiras, onde os estudantes de Erasmus se juntam para conviver, se conhece novas pessoas e se bebe qualquer coisa a preços um bocadinho mais acessíveis do que em qualquer outro bar.

Mais uma vez, eu juro que nem voltei muito tarde para casa, mas acordar todas as Quartas-feiras às 7 em ponto para ir ao curso de Italiano acaba sempre por ser uma verdadeira prova à minha responsabilidade. É que Quarta-feira tenho a primeira aula de 3 horas às 8 da manhã, a segunda das duas da tarde às 5, e a terceira das 5 às 8. É o dia mais cansativo de sempre, onde já não percebo metade do que os professores dizem e os olhos me pesam de verdade. À noite íamos ao cinema do ESN, ver o “Dolce Vita”. Já tínhamos reservado os bilhetes pela Internet, mas a sala de cinema encheu de tal maneira, que os organizadores, após vários pedidos de desculpa, adiaram a segunda sessão para Domingo, às 5 da tarde! Fiquei mesmo triste, porque estava verdadeiramente curiosa para ver o lendário filme, sobre o qual toda a gente fala e que eleva a Fontana di Trevi ao estatuto que tem hoje!

Mas não pensem que o Erasmus em Roma se resume a saídas à noite e passeios. Era bom, era! Pois ontem, alunas aplicadas que somos, fomos até à biblioteca da faculdade, à procura de livros para complementar o nosso (intensíssimo!) estudo! Imprimimos e fotocopiámos apontamentos das várias matérias. À noite fomos a mais uma festa, numa discoteca simpática bem longe de nossa casa. E esta noite teve muito que se lhe diga!

Por um lado conheci várias pessoas novas, entre as quais uns brasileiros sempre alegres e simpáticos (sim, já sei que falar com brasileiros não me ajuda a treinar o italiano!), e dancei bastante. Estava tudo a correr bem, até à altura em que os seguranças nos proibiram de pousar os casacos nos sofás ou no chão da discoteca. Supostamente, deveríamos pagar dois euros para guardar os casacos nos bengaleiros, ou então andaríamos com eles na mão. Porque é que lhes metia tanta confusão que dançássemos à volta dos casacos pousados no chão? Ainda agora não sei, provavelmente para ganharem mais dinheiro com os bengaleiros. Mas a verdade é que, a certa altura, aquilo tornou-se ridículo. Os seguranças a correr por toda a discoteca, em busca de casacos em sofás ou nas escadas…. Enfim.

Eu deixei o meu casaco meio escondido, num sofá, entre os casacos de umas espanholas. E correu-me mal. Os seguranças, enquanto eu dançava descontraída, pegaram em todos os casacos que encontraram e guardaram nos bengaleiros. E, quando íamos embora, eu fui pedir o casaco. E, com toda a calma, disseram-me para esperar que a discoteca fechasse! Reclamei, como é óbvio. Fui falar com um superior, e apontei para o meu casaco, estendido entre tantos outros, no bengaleiro. Ele perguntou-me se tinha alguma coisa nos bolsos do casaco. Eu disse que não. E ele perguntou-me qual era a marca do casaco. E eu disse que não sabia, que o casaco não tem marca (e não tem mesmo). E ele chamou-me mentirosa.

E pronto, a partir daí foi um escândalo. Eu respondi-lhe mal, ele mandou-me passear. Eu dei-lhe o meu bilhete de identidade e jurei que estava a dizer a verdade, que o casaco era mesmo meu. Ele mandou-me passear outra vez. Até que a Joana teve uma brilhante ideia! Fui à procura do fotógrafo (há sempre um fotografo nas festas do ESN). Ele tinha-me tirado uma fotografia no início da festa, quando eu ainda estava com o casaco na mão. E foi essa fotografia a prova (mais que suficiente!) de que o casaco era realmente meu. Ainda paguei dois euros por me guardarem o casaco, e fui-me embora chateada, depois de agradecer ao fotógrafo. Felizmente, este incidente não foi capaz de me estragar a noite. Até porque no autocarro para casa conheci um rapaz português que, vejam lá, é um grande amigo de uma amiga minha, no Porto! O mundo é mesmo pequeno!

E pronto. Estes romanos são loucos.

Arrivederci!

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Studentessa!

Ciao!

Cá estou eu outra vez, a escrever-vos do quentinho de minha casa, contrastando com o frio intenso que faz lá fora. Sim, chegou o Outono, já não posso andar de t-shirt, os casacos finos vão sendo substituidos por casacos cada vez mais grossos, as sandálias por botas, enfim… Triste tempo este! Quase sinto saudades de transpirar por todos os poros durante o Setembro de Roma.

A última vez que vos escrevi era Quarta-feira, e desde esse dia já se muita coisa se passou por cá! Quinta chegaram dois amigos meus, a Inês e o Diogo que, aproveitando uma promoção da TAP, me vieram visitar. Nesse dia andei a passear com eles pelos principais pontos turísticos, e divertimo-nos bastante. Eu própria conheci melhor alguns lugares que ainda não tinha visitado.

À noite eles optaram por descansar, por terem acordado muito cedo, mas eu e os vizinhos fomos a uma festa do ESN, numa das discotecas mais bonitas que eu já vi. Muito bem decorada, com sofás acolhedores e paredes pintadas em diversos padrões, geralmente com riscas brancas e pretas. Aliás, a ideia da festa era vestirmo-nos todos de preto ou branco (ou preto e branco), e nós, como sempre, trajamos a rigor!

Na Sexta-feira chegaram os pais da Ana, que passou os dias seguintes com eles. Eu continuei a fazer de guia turística, acompanhando o Diogo e a Inês pelas ruas de Roma. Ajudei-os a adquirir um bilhete que lhes deu acesso ao Coliseu, ao Fórum Romano e ao Palatino. Eu não fui com eles, porque quem arranjou os bilhetes foram os nossos vizinhos, supostamente estudantes de arquitectura (pelo menos é o que dizem, apresentando um cartão perfeitamente falsificado). Aqui em Roma, os estudantes de arquitectura têm acesso livre à maioria dos monumentos. Então, os vizinhos compraram os bilhetes e deram-nos à Inês e ao Diogo, que puderam visitar o que quiseram de borla. Simples, rápido e eficaz.

À noite fomos a “Trastavere”, a zona de bares e restaurantes do outro lado do rio. Comemos muito bem, e muito barato. O menu variou entre pizzas, massa, lasanhas e bifes, portanto, como imaginam, ficamos todos muito satisfeitos! É uma zona muito bonita, agradável para passear. Ainda assistimos a um pequeno concerto de rua, divertimo-nos bastante.

Sábado foi um dia pouco produtivo, porque o tempo não ajudou a grandes passeios. Estávamos cansados, preguiçosos, e, como tal, a caminha e as séries de televisão foram a nossa opção. À noite os vizinhos ofereceram-nos um jantar caseiro (finalmente! Já jantaram connosco tantas vezes!), massa à bolonhesa, que todos adorámos.

Domingo o despertador tocou às 4:45h da manhã, porque decidimos ir a Siena, apanhar o comboio das 6:06h. Queríamos aproveitar o último dia do nosso bilhete de intra-rail, que durou um mês, e nos permite andar de comboio sem pagar. Siena é uma cidade muito bonita! Pequena, mas com paisagens encantadoras, e pessoas simpáticas a passear (ainda que muitas ruas estivessem desertas, por ser Domingo). Comprámos um bilhete que nos permitia entrar em 5 monumentos: o Duomo, a Cripta, o Oratório, o Museu da Ópera e o Batistério. Apesar de termos esperado meia hora para a podermos apreciar (e eu aproveitei para dormir, enquanto esperava), a vista panorâmica da torre do Museu da Ópera surpreendeu-nos pela positiva. Fotografámos as lindas paisagens de Siena, que incluíam o arco-íris, entre as nuvens de chuva prestes a cair e o Sol que insistia em brilhar. Ao fim da tarde, a chuva caiu em força. Estávamos nós a sair do Oratório quando nos apercebemos que eram quase horas de o comboio de regresso partir. Corremos à chuva pelas ruas da cidade, até porque o próximo autocarro até à estação demorava mais de meia hora a chegar. Corremos, corremos e chegámos mesmo a tempo! Deixámo-nos cair sobre os acentos do comboio, cansadas, e viemos a conversar até Roma, felizes pelo dia que passámos.

Segunda-feira foi o meu primeiro dia de aulas na faculdade! Finalmente! Estava em Roma há mês e meio, e tudo o que fazia era passear e, mais recentemente, ir às aulas de italiano, duas vezes por semana. Boa vida, não é verdade? A culpa era, como já sabem, da greve dos professores.

De manhã fui levar a Inês e o Diogo à estação de comboio, e eles seguiram para o aeroporto. Depois do almoço, como tínhamos duas aulas ao mesmo tempo (sim, a organização romana, pelos menos a nível universitário, deixa muito a desejar), decidimos dividir-nos. Eu e a Inês fomos a uma aula, a Ana e a Raquel a outra, para falarmos com os professores. Eu fui à aula de “Comunicação Pública e Institucional”, depois de termos passado bastante tempo à procura da sala. Não era uma sala muito grande, e, por isso, tivemos que ficar sentadas no chão, porque as cadeiras estavam todas ocupadas. Percebi pouco do que a professora disse, para ser sincera. Mas, no fim da aula, ela foi muito simpática. Prometeu ajudar-nos no que fosse preciso, compreendeu que tínhamos de faltar algumas vezes, devido à desorganização dos horários e, inclusive, admitiu a hipótese de mudar a data do nosso exame.

Ao fim da tarde fui a mais uma aula de italiano. Estas aulas são sempre divertidas, e, como a professora fala devagar, toda a gente percebe muito bem a matéria, e vamos progredindo gradualmente. À noite a Ana e a Raquel contaram-me que o professor de “Informática e Tecnologia da Comunicação Digital” não tinha sido tão acessível como a professora que eu tinha conhecido, informando-as de que quem não fosse às aulas (mesmo por não ter tempo), teria que fazer um exame mais difícil.

Terçaa-feira fui eu e a Inês à aula de Informática, e continuamos sem perceber grande coisa. Mas, quando chegámos a casa, estudámos afincadamente, com a ajuda dos nossos vizinhos estudantes de informática! Sistemas binários e representação hexadecimal, preparem-se, porque nós vamos tornar-nos umas autênticas nerds de informática. A sério, não estou a brincar!

À noite fui dar um passeio com o João e a Cláudia, e estivemos com alguns brasileiros muito divertidos, que tocaram na guitarra músicas que toda a gente conhece, em plena Piazza Navona. Apesar de não ter voltado a casa exageradamente tarde, custou-me imenso acordar hoje de manhã. O despertador tocou às 7 e um quarto e eu, meia a dormir, lá tomei banho e fui para a aula de italiano, às 8.

Todo o meu dia foi passado em aulas. Estou cansada e, ainda por cima, vou agora a uma festa. Hei de ter mais coisas para contar, mas hoje já escrevi muito!

Não percam o próximo episódio… Que eu continuo cá, a partir da Cidade Eterna a contar-vos tudo o que se passa na curiosa vida de uma estudante de Erasmus.

Arrivederci!

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

E alla fine arriva mama!

Ciao!

Para começar em grande, novidades fresquinhas: já tive duas aulas de italiano, e já vi dois filmes italianos! Daqui a uns dias domino a língua. De facto, é bom constatar que, mesmo vendo filmes sem legendas em português ou inglês, compreendo grande parte do que ouço (e leio, porque as sessões de cinema organizadas pela comissão de Erasmus incluem sempre legendas, em italiano).

A minha turma agrupa gente simpática e divertida, acolhedora desde a primeira aula. Para além de mim e mais uma portuguesa, a turma é constituída por franceses, alemães, uma lituana e uma chinesa (sim, uma chinesa, que não consegue pronunciar correctamente os “R”s, mas que se desenrasca muito bem, para quem está acostumado a um alfabeto diferente!). Mas, sobretudo, a minha turma inclui muitos, muitos espanhóis! É incrível como há tantos espanhóis em Erasmus, eles estão por todo o lado!

Alguns esforçam-se por falar italiano correctamente, mas muitos limitam-se a falar espanhol e a mudar um pouco o sotaque, convencidos que, no fundo, entre espanhol e italiano há pouca coisa que muda. Mas já foram avisados para não trocar os “V”s pelos “B”s, e para não acrescentar “E”s nas palavras que começam por “S”!

Logo na primeira aula fui apelidada de “mascote” da turma, porque sou, de longe, a mais nova. Aliás, cá em minha casa devemos ser as mais novas alunas em Erasmus, porque poucos alunos fazem Erasmus logo no segundo ano. É engraçado, sinto-me jovem, cheia de vida, e sinto-me feliz por o ser. À minha volta toda a gente é mais velha, mas eu não os invejo, que eu tenho muito, muito tempo para crescer!

Na segunda aula trabalhei com um espanhol chamado “Juan”, e é mesmo engraçado descobrir as diferenças entre as duas línguas. Eu nunca gostei muito de espanhóis, mas, neste caso, somos todos estudantes e estamos todos a tentar aprender italiano, e, por isso, a base do desenrascanço vale para todos. Ninguém se ri quando alguém erra ou hesita, estamos todos no mesmo barco. E, acreditem, há sempre alguém que acrescenta uma palavra espanhola, portuguesa, francesa ou inglesa a uma frase italiana. É uma mistura gigante, é uma grande, grande confusão cultural.

Porque não são só as diferenças da língua que sobressaem, mas também as de hábitos e costumes. Por exemplo, a minha colega chinesa, Yang, admitiu considerar muito estranho os italianos atirarem as beatas dos cigarros para a rua! Ao que parece, na China esse acto dá direito a multa. E, enquanto que os espanhóis, que jantam por volta das 10, acham que os italianos jantam muito cedo (8, 8 e meia), a minha colega lituana admite que na Lituânia nem se janta, come-se qualquer coisa ao fim da tarde, mas nunca depois das 6 e meia.

De resto, não tenho muito mais para contar. Há uns dias fomos ao Coliseu, ao Palatino e ao Fórum Romano, visita organizada pelo ESN. Mas tive pena, porque no dia em que entramos dentro do Coliseu, choveu. Aliás, tem chovido bastante em Roma. Hoje, por exemplo, não choveu todo o dia, esteve bastante calor, mas agora à noite chove torrencialmente.

Os próximos dias prometem ser engraçados, até porque vou receber visitas cá em casa. E, Segunda-feira, começam as minhas aulas na faculdade. Finalmente!
Sinceramente, já me estava a assustar esta greve dos professores. A perspectiva de não passar a nenhuma cadeira no primeiro semestre não era propriamente animadora! Mas, enfim, já está tudo resolvido. Agora, é trabalhar a sério.

Ah, é verdade! Não podia acabar sem contar que descobrimos que a famosa série “How I met your Mother” (que eu tenho acompanhado fielmente), é conhecida aqui por “E alla fine arriva mama!”. Exacto. Aqui está a razão do titulo de hoje. Ainda pior que em Portugal, “Foi assim que aconteceu”. Mas porque é que traduzem os títulos das séries? Porquê????

Arrivederci!

sábado, 9 de outubro de 2010

Collegiale

Ciao!

Mais uma vez, novidades para Porto e Gaia directamente, e em primeira mão, sobre a cidade eterna. Mais precisamente sobre a minha (interessantíssima) vida em Roma.

Em primeiro lugar, Segunda-feira começam as minhas aulas de Italiano. Tenho um horário bastante bom, porque não me ocupa grande parte dos dias. Tenho aulas à Segunda-feira das 18h às 20h, e à Quarta-feira das 8h às 11h. Isto significa que acabo por ter as tardes todas livres, embora me custe acordar tão cedo à Quarta. Ainda por cima porque costumámos ir sair à Terça, ao Cucagna!

Sobre as aulas na faculdade, tudo na mesma. Os professores continuam em greve, e aponta-se para o finalizar das negociações dia 18 de Outubro. Mas, no pior dos casos, as aulas podem começar apenas a 1 de Novembro.

Por isso o que temos feito é, basicamente, passear. Sair à noite, passear, e ver filmes. Há uns dias fomos a um cinema italiano, (visita organizada pelo ESN), onde vimos um filme sobre Erasmus, dobrado. Consegui perceber tudo bastante bem porque o filme também tinha legendas em italiano, o que me permitiu acompanhar a história. Chama-se, em português, "O Apartamento Espanhol", mas é originalmente francês.

Mas ontem à noite fomos a uma festa particularmente interessante.

Realizou-se numa discoteca, mas tinha como tema “2010-10-08 College Party”, e a ideia era irmos vestidos como estudantes ou professores. Apesar de muita gente não ter aderido, a Comunidade dos Portugueses em Roma aderiu bastante, e acabámos por tirar algumas fotos engraçadas. O melhor disfarce ganha uma viagem a algumas cidades italianas, organizada pelo ESN.



E pronto, não me apetece escrever muito mais hoje. Vou mantendo-vos a par das novidades.

Arrivederci!

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Buon compleanno!

Ciao!

Já passou bastante tempo desde a última vez que escrevi, a contar das aventuras do IntraRail. Na verdade, não tenho escrito mais frequentemente por falta de tempo, de vontade, de inspiração, e também porque o último texto foi particularmente bem sucedido; ao que parece muita gente gostou da descrição das cidades que visitámos.

Desde que voltámos a Roma, o tempo tem continuado a passar assustadoramente rápido. Há dias e episódios que já não recordo com precisão; lembro-me de coisas vagas sem data definida. Por exemplo, o facto de grande parte dos professores continuar em greve por toda a Itália. De tal forma que, após passarmos um Domingo pós – IntraRail a descansar e a arrumar a casa, acordámos na manhã de Segunda e verificamos que, afinal, não tínhamos aulas. E, hoje, passadas quase duas semanas, continuamos sem aulas e sem saber quando começarão.

Lembro-me também que, no dia 29 de Setembro, fizemos um teste de Italiano, para avaliar o nosso nível de conhecimento da língua (básico, muito básico, está-se mesmo a ver). A partir dos resultados desse teste foram organizadas turmas, para o curso de introdução ao Italiano exigido pela universidade, e que não foi afectado pela greve. Soubemos há uns dias os resultados dos testes, e ficamos todas em turmas separadas, o que é curioso e interessante, bom para nós, até, penso eu.

Na Sexta-feira, dia 1, os meus pais chegaram a Roma. Vieram cá passar cinco dias, aproveitando o fim-de-semana e o feriado do 5 de Outubro, quando se comemora a implantação da República em Portugal. Isto porque o meu pai fez anos na Sexta e, além disso, eu própria fiz anos no dia 4. Por isso, estes últimos dias foram passados a matar saudades da família e a passear por Roma, e foram marcados por várias surpresas muito agradáveis. Só tive pena de o meu irmão não ter podido vir, por ter de trabalhar.

Nesse dia fui com os meus pais ao “Museo Nazionale delle Arti del XXI Secolo” (conhecido por Maxxi), um museu de arte moderna, muito grande e engraçado, planeado pela arquitecta britânica-iraquiana Zaha Hadid, que levou 10 anos a ser construído e custou cerca de 150 milhões de euros. Logo à entrada do museu deparamo-nos com um esqueleto gigante com um enorme nariz, obra de Gino De Dominics chamada “Calamidade Cósmica”. E, dentro do museu, pudemos conhecer pinturas e esculturas muito originais, num espaço confortável e bonito.

À noite fui sair, a uma festa de Erasmus numa discoteca simpática, eu, os outros portugueses da “comunidade” e vários colegas estrangeiros. Diverti-me muito e dancei até não poder mais: é raro em Roma mas, desta vez, o preço de entrada e das bebidas era acessível.

Sábado e Domingo continuei a passear com os meus pais, pela Piazza Navona, pelo Vaticano, pela Piazza di Spagna, pelo Coliseu, Panteão, Fontana di Trevi, pela minha linda faculdade de Ciências da Comunicação, pelas ruas movimentadas de turistas onde eu e a minha mãe nos podemos deliciar com lojas e mais lojas, enfim, percorremos Roma a pé, de autocarro e de metro, abastecendo-nos de pizza e massa e muitos, muitos gelados. Até fomos a uma praia, em Ostea, que acabou por me desiludir pela sua degradação e areia escura, que parece terra. Não há nada como as praias de Portugal. Por outro lado, Trastevere, do lado de lá do rio, foi uma das zonas que mais gostei de visitar, onde dezenas de restaurantes apinhados não só de turistas mas também de italianos se amontoam pelas ruas antigas e harmoniosas.

Segunda-feira foi um dia um bocadinho especial. Pela primeira vez, desde que me lembro de existir, comemorei o meu aniversário fora de Portugal. Almocei muito bem com os meus pais e passeámos pela cidade toda a tarde. À noite, comprei imensas pizzas e um bolo, mas quando cheguei a casa tinham-me preparado uma surpresa! No nosso jardim, os vizinhos tocaram guitarra e cantaram-me os parabéns, e tinham-me preparado um autêntico “festival do chocolate”, e acreditem que não estou a exagerar! Em cima das mesas havia de tudo: mousse de chocolate, bolos de chocolate, tostas com Nuttela, batidos de chocolate, bolachas de chocolate, cereais de chocolate, chocolate, chocolate, chocolate! E agora adivinhem qual foi a minha prenda? Uma enorme caixa feita por eles, forrada com papel de embrulho às cores, e lá dentro…. Muitos, muitos, muitos chocolates! Eu acho que não consigo lembrar-me de todas as marcas de chocolate que lá havia, e não me parece que consigamos comer aqueles chocolates todos nos próximos três meses em Roma!

A festa tinha sido organizada enquanto eu passeava com os meus pais, e a minha mãe sabia, porque ligou à Inês quando estávamos a chegar a casa, para garantir o sucesso da surpresa. No fim ainda fomos a casa da Kamila, uma rapariga polaca muito divertida, que também tinha feito anos no dia anterior, e acabámos por comemorar as duas. Foi uma noite espectacular, apesar de ter saudades dos meus amigos de Portugal, com quem não passei o meu aniversário pela primeira vez. Mas nada que uma extensa troca de mensagens via telemóvel e pela Internet não resolva, tornando possível sentir-me mais próxima de quem gosto.

Ontem os meus pais foram-se embora e eu fiquei doente. Já estava constipada, mas piorei à noite, depois de um passeio pelos principais pontos de interesse do centro de Roma, organizado pelo ESN (caso não se lembrem, a sigla significa “Erasmus Student Network, organizadores de festas e eventos para alunos Erasmus). Aliás, neste momento estou a escrever-vos da minha cama, é uma da tarde e estou rodeada de pacotes de lenços e chá de limão. Foi o Pedro que, ontem à noite, me preparou o chá. É que ele também está doente, coitado.

Cá em casa é assim. Fica um doente, ficamos todos, por solidariedade.

Ou, se calhar, é por vivermos todos no mesmo sítio, passarmos horas nos quartos uns dos outros a partilhar bactérias e vírus.

Se calhar, se calhar é por isso.

Arrivederci!

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Trenitalia

Ciao!

De volta a Roma, após cinco dias de viagem em comboios e noites mal passadas, de falta de banhos e pés negros da terra, de muito frio e muito, muto calor, de olheiras profundas e cabelos despenteados, de suor e de sonhos, no fundo, de descoberta. De encontro fantástico e imprevisível com a Itália do Norte.

A aventura começou na terça-feira, dia 21, às 4 da manhã. Preparadas as mochilas, saímos de casa para apanhar o autocarro que nos levaria à estação. Mas, quando chegámos à paragem, já ele estava em andamento. Ainda tentámos correr, mas já não fomos a tempo e, portanto, o autocarro seguiu sem nós. Fomos a pé, mas não havia grande problema, porque o comboio era só às 5 e 50.

Quando chegámos à estação principal de Roma, o “Termini”, descobrimos que nos tínhamos esquecido do cartão de memória da máquina fotográfica da Ana, uma máquina de grande qualidade que nos tem acompanhado permanentemente (sim, todos os dias, ou quase) desde o primeiro momento em que chegámos à cidade eterna. Por isso voltámos para trás, apanhámos o autocarro, regressámos a casa, sob risco de perdermos o comboio e o IntraRail começar da pior maneira. O que nos valeu foi termos descoberto que, afinal, o comboio partia do “Termini” mas parava numa pequena estação perto de nossa casa, para a qual corremos em plena madrugada. E assim conseguimos, finalmente, entrar no comboio a tempo de iniciar o IntraRail à hora prevista.

O primeiro local que visitámos foi Perugia. Cidade pequena, quase uma aldeia em ponto grande, com belíssimas paisagens e espaço amplo e acolhedor. A sensação de segurança em Perugia é muito maior do que em Roma, e os seus habitantes, talvez por não viverem na confusão das grandes cidades, pareceram-nos mais simpáticos e afáveis. A grande igreja do centro e o castelo foram alguns dos pontos de interesse que visitámos, mas, de facto, o que realmente me impressionou foi o horizonte a perder de vista entre o verde da natureza e as casas antigas. E, note-se, a deliciosa pizza que almoçámos e o gelado artesanal que lhe seguiu, tudo a preços extremamente em conta (ainda mais para quem vive na caríssima cidade de Roma), foram o complemento perfeito para a nossa primeira manhã de IntraRail.

Umas horas depois chegávamos a Florença, que é provavelmente uma das cidades mais bonitas em que já estive. Percorremos a cidade nessa noite e no dia seguinte, dia 22, e devo dizer que dormimos numa pensão agradável, barata e muito perto do centro. Florença perde-se entre as igrejas e os monumentos antigos, mas, sobretudo, entre as pontes e o rio que segue devagarinho entre as duas margens da cidade. Uma das pontes, a ponte Vecchio, é particularmente interessante. Imaginam uma ponte que, de uma ponta à outra, sustenta casas antigas e rústicas, muito bonitas, transformadas em reconhecidas ourivesarias? É como percorrer uma rua de ourives, uma rua de ouro, no fundo, mas com a possibilidade de nos debruçarmos sobre o muro e fixarmos o rio a correr à nossa frente, a reflectir a cidade nas águas de Florença. Cidade romântica, cidade encantada, talvez, onde encontrámos habitantes de todas as idades a assistirem a concertos de ópera, muito bem vestidos, ao bom estilo italiano.

Durante a noite viajámos até Milão, o grande centro comercial e económico de Itália. Milão é mais bonito à noite, e prima pela elegância dos habitantes e das lojas, não tanto pela beleza da cidade em si mesma. A imponente catedral do centro histórico, que é a maior catedral gótica de Itália, e as galerias Vitorio Emanuele II, reflectem a arte e o bom gosto da cidade, e são pontos interessantes que vale a pena visitar. Além disso, foi curioso percorrer as ruas repletas de lojas caríssimas, onde predominam estilistas de renome e pessoas muito bem vestidas, como se todos fossem a uma festa de gala, à ópera, quem sabe. À noite, Milão brilha, brilha mais do que de dia. Tivemos a sorte de assistir, em plena praça pública, ao ensaio de um espectáculo de dança, cuja exibição ocorreria no dia seguinte, como abertura de um desfile de moda. Os bailarinos impressionaram-nos pela positiva, e atrevo-me mesmo a dizer que foram eles que tornaram a nossa noite em Milão uma noite mais mágica, inesquecível.

Inesquecível também por outros motivos, na verdade. Adormecemos na estação, porque o comboio que nos levaria a Verona só partiria depois das 3 da manhã. Durante o período em que dormimos, roubaram o telemóvel e 10 euros à Ana. Foi um ladrão simpático, no fundo. Não levou nem documentos, nem a sua fantástica máquina fotográfica, já repleta de fotografias das 3 cidades visitadas.

Verona é a cidade de Romeu e Julieta. É uma cidade pequena mas romântica, que se percorre em pouco tempo, mas encanta. Visitámos a casa da Julieta, e tirámos a famosa fotografia junto à sua estátua. É uma casa engraçada, porque os muros da entrada estão todos escritos, cobertos de declarações apaixonadas em todas as línguas, com todas as cores. Uma espécie de romantismo dos tempos modernos; imaginem um muro todo grafitado, mas que transmite verdadeiros sentimentos e onde se inscrevem palavras bonitas de amor. Visitámos ainda algumas igrejas, e percorremos calmamente as ruas da cidade, cheias de turistas curiosos.

De Verona seguimos para Veneza. E eu não me quero estar a repetir, apesar de já o ter mencionado em quase todas as cidades que visitei, mas a verdade é que Veneza é que é, definitivamente, a cidade mais romântica de Itália. O amor está presente em todo o lado: nos longos canais que substituem as ruas apinhadas de gente, nas gôndolas muito bem ornamentadas, onde casais partilham garrafas de champanhe e se beijam apaixonadamente, nas pontes dispersas por toda a cidade, nos jantares à luz das velas junto ao rio… Enfim, no fundo Veneza só não é uma cidade romântica para quem tem pânico de água, o que, felizmente, não é o meu caso. O meio de transporte que utilizámos foi o “Vapporeto”, que é um auto-barco, ou seja, uma espécie de autocarro, que, no fundo, é o transporte público que percorre os canais da cidade. Chegámos na noite do dia 24, e pudemos apreciar toda a beleza da cidade… à chuva. Chovia torrencialmente, o que, pudemos confirmar no dia seguinte, resultou numa cidade meia inundada.

Dormimos num hostel caro, com grandes quartos partilhados por muitas raparigas, mas que incluía um óptimo pequeno-almoço. No dia seguinte já o Sol brilhava no céu azul, mas quase que se tornava difícil distinguir os canais das ruas de pedra, de tal modo que na praça de São Marcos, a mais importante praça da cidade, os turistas andavam descalços sobre a água da chuva, ou, os mais experientes, percorriam o caminho de galochas. Nós optámos por viajar bastante de Vapporeto, até porque tínhamos comprado um bilhete para os três dias, e viajar de barco é uma óptima maneira de chegar a todo o lado e conhecer Veneza e os seus canais.

Entre monumentos e praças meias inundadas, também visitámos uma praia, leia-se, muito pouco apelativa quando comparada com as lindas praias de Portugal. Isto por iniciativa própria porque, na verdade, logo de manhã tínhamos perdido o nosso guia de Itália, prenda da tia da Inês e muito útil na nossa viagem.

Deixámo-lo numa paragem de “autocarro”, ou melhor, de “auto-barco”, e, quando voltámos para o recuperar, encontrámos um papel com um número de telefone e uma mensagem de alguém que o tinha encontrado e levado para casa. Quando lhe telefonámos, descobrimos que a mulher que tinha encontrado o guia não estava disponível para nos entregar, a não ser na semana seguinte! E foi por isso que conhecemos Florença sem destino certo nem orientações turísticas.

À noite, após passearmos pelas ruas de Veneza, visitado algumas lojas e apreciado os canais, deixámo-nos ir num Vaporetto sem conhecermos o seu destino. Passámos por um cemitério que ocupava toda uma ilha; era bastante assustador mas, ao mesmo tempo, tinha qualquer coisa de fascinante e misterioso. Quando demos por nós, estávamos bem longe da estação de comboios, num local desconhecido e longe do centro. O que nos valeu foi que um motorista do Vaporetto decidiu ajudar-nos. Tinha feito a sua última viagem do dia e, depois de “estacionar” o barco, perguntou-nos: “Estão prontas para correr?” E corremos pelas ruelas de Veneza, atravessámos pontes e praças que eu nunca tinha visto, não fazia a mínima ideia de onde estava, mas a verdade, a verdade é que chegámos num instante à estação de comboio.

A ideia era irmos a Siena antes de regressarmos a Roma, mas estávamos tão cansadas que optámos por deixar essa viagem para um outro fim-de-semana, beneficiando do nosso maravilhoso bilhete que dura um mês inteiro e nos permite passear por toda a Itália. Por isso, deixámo-nos ir no comboio até Roma. Ao meu lado viajavam dois brasileiros muito simpáticos, mas eu quase não falei com eles. Porque mal entrei no comboio adormeci. E, quando acordei, estava de novo na cidade eterna.


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Gostaram da nossa aventura? Espero bem que sim, porque a meio da história já não me apetecia escrever mais. O que vale é que eu gosto muito de vocês.

A propósito, as minhas aulas não começaram hoje, porque os meus professores decidiram fazer greve. Aparentemente, só começam na segunda quinzena de Outubro.

Estou em Ersasmus ou estou de férias, afinal? ....

Arrivederci!

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Italia

Ciao!

Só tenho a dizer que hoje às 5 da manhã vou entrar num comboio e começar um IntraReil por Itália. Perugia, Florença, Milão, Verona, Veneza e Siena esperam por nós.

Arrivederci (Roma)!

domingo, 19 de setembro de 2010

Civilità romana

Ciao!

Depois de um incrível post sobre Nuttela (não precisam de me agradecer, Mariana Sousa, prazer, ao vosso dispor para fornecer pérolas de cultura), vou voltar a descrever resumidamente o que se tem passado aqui pela cidade eterna!

Ontem fomos visitar o museu da Civilização Romana. Uma actividade cultural, organizada pelo Erasmus Students Network de Roma, sob o slogan “o ESN não organiza só festas!” Pois sim. Bem, mas estar nesse museu é como estar dentro de um livro do Asterix, dá-me uma grande vontade de viver em Roma A.C. Tirei uma foto com uma estátua do César! Parecemos grandes amigos. Hei de a publicar aqui, quando tiver paciência para a passar para o computador.

Bem, chegámos uma hora atrasadas, mas ninguém se pareceu importar com isso. E depois de várias horas a visitar o museu, almoçamos no Mac Donald’s. Informação importante: o cheesburguer voltou à Europoupança, custa um euro outra vez como em Portugal.

À noite preparámos a festa surpresa do João, que não foi surpresa nenhuma porque ele já sabia que ia acontecer. Tinha visto o evento no facebook (e juro, juro que isto é verdade). Conhecemos vários estudantes estrangeiros, e alguns portugueses. Cantou-se os parabéns em português, turco, italiano, inglês e francês. Uma panóplia de culturas, já se vê.

Só que juntaram-se à festa três italianos que nós não conhecíamos de lado nenhum. Supostamente eram amigos de uma alemã, nossa vizinha, mas a verdade é que pareciam não conhecer ninguém, nem o próprio aniversariante, e andavam sempre a rondar os apartamentos. Por isso, nós decidimos, pela primeira vez, fechar as portas e as janelas de nossa casa, com medo que eles tentassem roubar os computadores, o que nunca tínhamos feito por causa do calor.

Mas como somos extremamente responsáveis, deixámos as chaves dentro de casa, e trancamo-nos por fora. Cada uma de nós tem uma chave, ou seja, há quatro chaves para o apartamento. E todas, eu, a Ana, a Inês, a Raquel, todas nós nos esquecemos. Sim, isto é verídico. E como já era meia noite, não queríamos acordar o senhorio para pedir a chave suplente. Por isso, sem carteiras, dinheiro, telemóveis nem roupa, acabámos por dormir em casa do João, no chão, enquanto eles foram sair.

Hoje, Domingo, de manhã, o senhorio também não estava em casa. E tinham dormido seis pessoas num quarto, nós as quatro no chão, apertadas, transpiradas, enfim, mal-cheirosas, quase repugnantes, sem lavarmos os dentes nem tomarmos banho. De facto, o irmão do senhorio só chegou a meio da tarde e nós, cheias de calor e com as roupas todas sujas, já estávamos a desesperar para podermos entrar em casa e tomar banho.

Foi por estarmos neste estado que aconteceu o episódio da chuva. Foi tão simples quanto isto: estava imenso calor, já quase não podíamos com o nosso próprio cheiro e, de repente, começou a chover torrencialmente, qual tempestade tropical. E corremos para o jardim e ficamos encharcadas, e foi mesmo, mesmo bom.

Quando, finalmente, o irmão do senhorio chegou, abriu-nos as portas, acabámos de jogar um jogo com os vizinhos e pudemos finalmente tomar banho e desfrutar da nossa pequena casa.

Entretanto já se tinha passado um dia inteiro.

E hoje o jantar, cozinhado pela Inês, é arroz de frango.

Ah, e eu estou em Roma, e o Papa, ao que parece, está de visita à Inglaterra.

Arrivederci!

sábado, 18 de setembro de 2010

Nuttela

Ciao!

Hoje vou forçar-me a conseguir inspiração. E não me venham dizer que a inspiração forçada não existe, porque não acredito que os grandes escritores escrevam livros em massa sem terem de se esforçar por pôr a cabecinha a trabalhar.

Bem, então hoje vou reflectir sobre a Nuttela e as suas qualidades intrínsecas (escrevi a palavra “intrínsecas”, o que já confere um certo nível à minha reflexão). Como qualquer investigadora séria, fui pesquisar a história da Nutella num site totalmente fiável e credível, o próprio site da Nuttela. Então diz assim:

Nutella spread, in its earliest form, was created in the 1940s by Mr. Pietro Ferrero, a pastry maker and founder of the Ferrero company. At the time, there was very little chocolate because cocoa was in short supply due to World War II rationing.
So Mr. Ferrero used hazelnuts, which are plentiful in the Piedmont region of Italy (northwest), to extend the chocolate supply.”


Isto significa, resumidamente, que o senhor Pietro Ferrero, fundador da Ferrero que hoje todos conhecemos, decidiu usar avelãs para substituir parte do chocolate usado na Nutella, porque, por causa da II Guerra Mundial, havia pouca importação de cacau, mas muitas avelãs em Itália.

Com que então, senhor Ferrero, é a avelã que torna a Nutella aquele creme delicioso e viciante com que barro tostas e pão, que devoro todos os dias em grandes quantidades aqui em Roma. Isto quando não tenho ataques de verdadeira loucura e vício, e como Nutella à colheres. Sem nada a acompanhar.

Mas afinal, qual é a composição da Nuttela? Descobri que “Nutella é uma forma modificada de gianduia (mistura de 70% de chocolate e 30% de creme de avelã). Infelizmente, a receita do Nutella é secreta e guardada por Ferrero. De acordo com o que diz o rótulo de Nutella, os principais ingredientes são o açúcar e os óleos vegetais com avelã. A receita de Nutella varia em vários países. Por exemplo, na Itália a fórmula leva menos açúcar que na França.

Cá em casa todas gostamos de Nuttela. Os nossos vizinhos também, toda a comunidade de portugueses e estrangeiros em Erasmus gosta de Nuttela. Se é verdade que em Portugal nunca comia, não é menos verdade que em Roma ingiro Nuttela como quem bebe água num dia de calor intenso. Normalmente ao lanche, à noite antes de ir dormir, ou ao pequeno-almoço. Ou a qualquer hora do dia.

Nuttela, Nuttela, Nuttela.

Agora a ideia é descobrirem quantas vezes a palavra “Nuttela” aparece escrita neste texto. E para mais novidades sobre Roma, esperem pelos próximos dias. Hoje o dia é dedicado a esta grande especiaria gastronómica.

E, já agora, parabéns João! O João faz hoje anos, é o nosso vizinho do lado. Amanhã conto como correu a festa.

Arrivederci!

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Stanza

Ciao!

Cá continuo eu na cidade eterna, o tempo a passar cada vez mais depressa, não sei porquê.

Tantas coisas para contar, e tão pouca inspiração para escrever…. Isto está mau!

Andamos por aí a passear, a ir a festas. A conhecer gente e a conhecer (devagarinho) cada rua de Roma. Cada vez chegam mais alunos de Erasmus, portugueses e estrangeiros. Muitos vêm pedir-nos ajuda para encontrar casa. A nós que, há pouco mais de dez dias, estávamos tão perdidas quanto eles.

Enquanto estamos de férias, vamos aproveitar para passear cada vez mais. Conhecer outras cidades de Itália, viajar de comboio. Tenciono escrever muito sobre os novos lugares que descobrir!

E pronto, como hoje estou pouco inspirada, pouco escrevo. E fico-me por uma foto.

Arrivederci!

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Aggiornamenti

Ciao!

O dia de ontem não foi particularmente produtivo, mas a noite foi engraçada.

Limitamo-nos a acordar lá para o meio dia (como sempre!), ir almoçar à cantina, ver o filme “Sliding Doors” a meio da tarde (porque, no meio do calor que se faz sentir aqui em Roma, começou a chover torrencialmente) e, quando o Sol voltou a brilhar, fomos ao supermercado. E, entre utensílios e comida, comprámos uma torradeira e um ferro de engomar.

Cozinhámos jantar para todos os vizinhos (hoje hão de cozinhar eles) e fomos ao tal cocktail perto da Piazza Navona, onde beneficiamos de descontos por termos cartão erasmus. Mas, mesmo assim, os preços nunca foram propriamente apelativos.

Conhecemos mais pessoas de diferentes nacionalidades: os sempre simpáticos brasileiros, espanhóis, italianos, turcos e franceses. Um dos italianos sabia falar muito bem português, e, inclusive, conhecia as músicas todas do Quim Barreiros!

Bem, e agora vou-me vestir, que vamos almoçar, mais uma vez, à cantina principal

Arrivederci!

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Undicesimo Giorno

Ciao!

A brincar, a brincar, já passaram 10 dias desde que chegámos a Roma! Já vivemos tantas coisas mas, ao mesmo tempo, parece que o tempo passou muito, muito rápido.

Domingo passeámos, como, aliás, é o que temos vindo a fazer. Fomos à Fontana di Trevi, que é bem bonita e, sobretudo, imponente! À noite ficamos em casa a ver um filme, o que nunca aconteceu desde que temos casa, porque temos saído todas as noites. O resultado foi todas adormecermos nos primeiros minutos do filme, e, portanto, ninguém viu filme nenhum.

Ontem (Segunda-feira, porque hoje tecnicamente já é Terça, são três da manha aqui em Roma) conseguimos FINALMENTE o cartão que dá acesso às cantinas, e almoçamos na cantina principal. O almoço incluí um primeiro prato de massa, e um segundo prato de carne. A carne não vinha juntamente com os acompanhamentos: a salada e os croquetes de batata eram servidos à parte, em pratos diferentes. Não pudemos comer fruta porque, aparentemente, trouxemos acompanhamentos a mais. Pelo que percebi temos de dispensar ou a salada ou os croquetes de batata para podermos trazer fruta.

Ao fim da tarde fomos ter ao Coliseu, onde nos despedimos do meu amigo Vini, que estava cá a passar férias, e do seu amigo Luís. Devorei um óptimo croissant de chocolate.

Esta noite fizemos outra sessão de cinema, mas desta vez com os nossos colegas dos apartamentos vizinhos. Vimos o “Pulp Fiction”, do Tarantino, no quarto do João e do Pedro. Divertimo-nos bastante e tiramos algumas fotografias engraçadas.

Amanhã vamos a mais uma festa de Erasmus, e devo ter mais coisas para contar. Agora vou dormir, que já passa das três da manhã!

Arrivederci!

domingo, 12 de setembro de 2010

Passeggiata

Ciao!

Tendo casa assegurada e tendo pouco que fazer, passeia-se em Roma!

Curiosamente, um amigo meu, português, veio com outro amigo passar uma semana a Roma, de férias. Decidimos oferecer-lhes o primeiro jantar em nossa casa, que consistiu numa saborosa massinha com atum, que todos adoramos.

Feitas turistas, andamos com eles nestes últimos dias a passear pelo Coliseu, pela Fontana di Tervi e por ruas e ruínas e praças (e bares) que ainda não conhecíamos. É que, como ontem foi Sábado, não pudemos resolver quase nada, nem na faculdade nem em nenhum órgão de serviço público. Por isso, até à noite de ontem não fizemos mais nada a não ser passear, comer e beber, sair à noite e divertirmo-nos em Roma. Acordamos sempre tarde, o que se está a tornar uma rotina errada. Hoje, por acaso, acordei às 11. Mas ontem, só nos levantamos às duas da tarde.

Temos novos vizinhos: mais uma portuguesa, uma rapariga alemã e uma húngara. E conhecemos um austríaco à procura de casa, coitado, desejoso de ficar em qualquer lugar, mas que ainda não encontrou apartamento.

Hoje ainda não sei como vai ser o dia, mas visto que é Domingo e continua tudo fechado, provavelmente vamos continuar a passear. Que boa vida!

Arrivederci!

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Notizie

Ciao!

São quase três de manhã aqui em Roma, e estou tão cansada que só me apetece ir dormir. Que é, aliás, o que vou fazer dentro de minutos. Depois de comer como se não houvesse amanhã.

Hoje passámos quase uma hora e meia à espera nas finanças, a jogar ao “stop”, para conseguirmos um código fiscal que, não sei porquê, nos dá acesso às cantinas da faculdade.

Depois fomos ao supermercado, comprar comida e coisas para o apartamento. Foi nesta altura que descobrimos que tínhamos trazido uma mala a mais, do hostel onde dormimos cinco noites, antes de termos casa.

Ligaram-nos do hostel a perguntar se não nos tínhamos enganado a trazer as malas. Temos tantas malas que uma veio por engano. E lá fui eu e a Ana levá-la ao hostel, porque a sua dona tinha de apanhar uma avião em uma hora, enquanto a Raquel e a Inês enchiam sacos de comida no supermercato.

Agora à noite fomos a uma festa de Erasmus, chegámos à pouco tempo. Conhecemos várias pessoas simpáticas de várias nacionalidades. Este ano parece que estão cá em Roma sobretudo estudantes portugueses, espanhóis e franceses.

E agora vamos comer qualquer coisa com os nossos vizinhos portugueses, do apartamento ao lado. São de Lisboa, estudam engenharia. Bem, parece que o João vai cozinhar um bife…

Arrivederci!

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Finalmente a casa!

Ciao!

Parece mentira, mas hoje já estou a escrever de casa. Sim, porque agora vivo numa casa, e não num hostel! Já não tenho de passar a vida no MacDonalds para ter net, porque temos net Wirless no nosso próprio apartamento!

A escolha não foi fácil, mas acabamos por nos decidir. Depois de vermos mais uma casa, hoje de manhã, restaram-nos três opções mais ou menos viáveis. Eram elas:


Hipótese 1)

Prós
* Zona central
* Duas casas-de-banho
* Varanda
* Senhorio super fixe
* Senhorio compra a mobília que quisermos
* Elevador

Contras
* Mobília velha
* Um quarto ocupado até Outubro
* Preço
* Sem certezas de contrato


Hipótese 2)

Prós
* Zona central
* Contacto frequente com alunos Erasmus
* Casinhas acolhedoras
* Cama extra para visitas
* Jardim

Contras
* Preço
* Falta de espaço
* Falta de privacidade


Hipótese 3)

Prós
* Preço
* Zona segura
* Transporte (tram)

Contras
* Longe como o caraças (40 minutos de tram, cerca de uma hora de casa à faculdade)
* Zona longe de tudo e de todos
* Não tem elevador, e fica no quarto andar



O apartamento número 3, embora tivesse um preço mais acessível, foi rejeitada por ser realmente muito longe da faculdade. O apartamento número 1 também foi posto de parte, porque o senhorio não tinha a certeza de o poder alugar, pois preferia contratos por um ano, e nós só vamos ficar em Roma seis meses.

Para garantir que tudo era tratado da melhor forma, tivemos a ajuda do marido de uma amiga da mãe da Raquel, que é italiano e verificou o contrato escrito pelo senhorio. Até conseguimos um desconto de 25 euros por mês! E estamos finalmente em casa, rodeados de alunos de Erasmus, alguns portugueses simpáticos e um cãozinho amoroso que pertence ao dono dos apartamentos.

E agora sim, vou desfazer as malas, e vou descansar.

Acabou-se a busca incansável pelo apartamento perfeito.

Arrivederci!

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Odissea continua

Ciao!

Finalmente consigo escrever com acentos e cedilhas, porque como já tenho um cartão de telemóvel italiano, tenho acesso à Internet Wirless em todos os MacDonald’s de Itália! O que me permite escrever a partir do meu computador pessoal, e não ter de utilizar os computadores italianos, que têm um teclado diferente.

São agora 22:27h em Portugal, 23:27h aqui em Roma, do dia 6 de Setembro, Segunda-feira. Estou a escrever do quarto do hostel, para amanhã, quando for ao MacDonald’s, postar no blog. Hoje o dia foi um pouco frustrante.

Por um lado tratamos de tudo com a faculdade e o gabinete de Erasmus, já somos oficialmente estudantes de Scienze della Comunicazione, della universit’a La Sapienza. Por outro lado, apesar de hoje termos conhecido apartamentos incríveis, muito confortáveis, espaçosos e modernos, ainda estamos um pouco reticentes na escolha, uma vez que são todos longe da faculdade. Amanhã espera-nos mais um dia de incansável procura pelo apartamento perfeito, ou, digamos, o apartamento mais acessível a nível de custos, comodidade e localização.

Mas como se não bastasse termos andado um dia inteiro a ver apartamentos, meias perdidas pelas ruas de Roma, ao chegar ao hostel descobrimos que, como não tínhamos mais noites reservadas, amanhã o nosso quarto seria ocupado por outras pessoas. Por isso, de Segunda para Terça já vamos dormir noutro hostel, um piso abaixo do nosso, e pelo mesmo preço, mas que implica imenso trabalho a levar as malas todas.

Tenho pena. Estava a gostar destes marroquinos, que nos vinham trazer o pequeno-almoço ao quarto, e que nos deixavam pagar menos do que o inicialmente acordado.

Para acabar bem a noite, fomos expulsas do Mac Donals por estarmos lá com 4 computadores portáteis. Uma italiana ranhosa começou aos berros a acusar-nos de estarmos lá demasiado tempo, mas ela não tinha razão nenhuma: não só jantamos lá e, por isso, pagamos bastante, como o Mac estava quase vazio, e, como tal, não estávamos a roubar o lugar a ninguém.

O que vale é que aqui em Roma, para além de haver quatro ou cinco pizzarias por rua, também não falta um Mac Donald’s em cada esquina. De maneira que amanhã lá estaremos nós, num Mac Donald’s diferentes, a beber um café ou a comer um bolo e a usufruir da Internet Wirless.

Hoje já é Terça-feira, vamos jantar daqui a pouco, e é bem verdade que, depois de um dia mau, vem sempre um dia melhor. Acordamos cedo e mais uma vez partimos em busca de apartamentos.

De manhã fomos à faculdade de Economia, onde adquirimos o cartão de estudantes Erasmus, que nos dá a possibilidade de almoçar nas cantinas e descontos em festas da Associação de Estudantes.

Mais uma vez ligamos o nosso “radar” de procura de residência, porque, por cá, onde há muitos estudantes, há anúncios a apartamentos em todas as paredes e postes de electricidade. Vimos duas casas simpáticas e perto do centro, mas um pouco caras. Uma delas é numa espécie de “residência” só para alunos de Erasmus, onde, inclusive, encontramos alguns colegas portugueses.

Mas continuamos indecisas. Amanhã vamos ver uma outra casa, bem mais barata, mas mais afastada do centro. Tem, porém, uma boa rede de transportes, uma espécie de eléctrico (o “tram”), que pára mesmo em frente à faculdade.

Amanhã penso que será o dia da decisão final. De todos os que já vimos, já seleccionamos os quatro melhores apartamentos (em principio acrescentaremos o quinto, amanhã), fizemos uma grelha dos prós e contras, e vamos ponderar muito bem a nossa escolha.

Arrivederci!

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Appartamento?

Ciao!

Continua a nossa busca por apartamentos!

Ontem FINALMENTE comemos algo sem ser pizza ou sandes. Ao irmos ao Vaticano acabamos por ser convidadas para almocar no Colegio Pontifice dos Portugueses, por um simpatico padre portugues. Comemos ate rebentar, primeiro prato de massa, segundo prato de batatas e carne, e ainda um grande gelado, estava tudo tao bom! Este padre era bem mais simpatico que o primeiro, e prometeu ajudar-nos na busca de apartamento.

Nao teem nocao do quao bonito e o Vaticano, e de como e freca a agua que corre das suas fontes. Tambem ninguem imagina a multidao de turistas que por la passam ao fim-de-semana....

A tarde fomos ver um apartamento, apesar de ser Domingo, porque a amiga da mae da Raquel foi muito simpatica e levou-nos de carro, com o marido. Mas a casa nao nos agradou nada. Primeiro porque era para dividir com mais duas pessoas, segundo porque o estado de habitacao era bastante duvidavel....

A noite fomos a nossa primeira festa de Erasmus, perto do Coliseu, mas estavamos tao cansadas que viemos embora cedo. Mas ainda consgeuimos conhecer algumas pessoas, e mesmo falar com alguns portugueses!

Ainda ligamos para os nossos outros contactos e hoje, que e Segunda-feira, vamos ver mais apartamentos. Vamos ainda tirar o passe de estudante, que custa so 18 euros por mes, para podermos andar a vontade nos transportes, e vamos a faculdade assinar uns papeis importantes para mandar para Portugal.

Mais uma vez, peco desculpa por nao por acentos nem cedilhas, mas continuo sem me entender com este teclado!

Arrivederci!

Primi Giorni

Ciao!

Dia 3 de Setembro, chgamos finalmente a Roma. Agora ja nao se pode voltar atras, nao e?

Basicamente correu tudo mais ou menos bem. A viagem correu bem, mas a primeira coisa que eu fiz quando cheguei ao aeroporto foi vomitar, porque a sande que deram no aviao nao estava la muito boa. Mas depois senti-me optima.

Para levar as malas todas ate ao hostel, foi terrivel. Gastamos imenso dinheiro num taxi quando o hostel era apenas a 2 minutos da estacao de comboio. Eram cerca de 14 malas, a contar com as mochilas e saquinhos.

O hostel nao e mau, apesar de ser dirigido por marroquinos que mal sabem falar ingles. Tem apenas um elevador, muito apertado, daqueles mesmo antigos, em que cabemos as 4 com MUITA dificuldade. So que eles levam-nos o pequeno-almoco ao quarto.... as 7 e meia da manha. E simpatico, mas acordamos muito cedo. Mas temos de aproveitar, ate porque esta incluido no preco!

Quanto ao alojamento, ainda nao temos casa, por isso pagamos mais duas noites no hostel. Mas fomos a faculdade, e compramos um jornal so de anuncios, e por isso conseguimos bastantes conts uteis, de apartamentos! Supostamente teriamos a ajuda de um padre portugues, que tem alojamento para estudantes portugueses mas, aparentemente, os portugueses de Erasmus do ano passado portaram-se tao mal que ele desistiu de tentar ajudar, e ate foi bastante antipatico connosco. Mas com todas estas voltas na busca de contacto acabamos por passar no Coliseu, no Panteao e em varias ruinas romanas, o que foi muito giro mesmo.

Conhecemos um rapaz alemao que veio para ca em Erasmus, para o conservatorio. E simpatico, e nao toca nenhum instrumento, e cantor. Tambem ja conhecemos alguns portugueses, que tambem nos podem ajudar com o alojamento.

Amanha (Segunda-feira) vamos ver 3 apartamentos, os 3 seleccionados por nos, que nos pareceram os melhores, e com uma boa relacao qualidade- preco. Hoje, que e Domingo, vamos ate perto do Vaticano, onde tambem ha um padre que fornece apartamentos, esperemos que seja mais simpatico que o primeiro. Temos ainda a ajuda de uma amiga da mae da Raquel, que provavelmente ate nos vai levar de carro e tudo! De qualquer maneira, com tudo o que ja arranjamos, devemos ter casa la para Quarta, se tudo correr bem.

Aqui e dificil levantar dinheiro e arranjar um cartao para o telemovel, italiano. Os cartoes sao todos muito caros, e ainda nao decidimos qual e a melhor rede. Mas, em principio, trataremos de tudo hoje, antes de irmos para o Vaticano.

Bem, parece que o meu tempo de Internet esta a acabar, de maneira que vou andando. Gosto muito de voces todos! Nao me entendo muito bem com o teclado daqui, por isso nao pus acentos nas palavras, e devo ter cometido alguns erros.

Arriverci!

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

In una settimana

Ciao!

O meu nome é Mariana Sousa, mas se estás a ler este blog é muito provável que já o saibas, que sejas meu amigo ou da minha família.

Sou estudante de Ciências da Comunicação: Jornalismo, Assessoria e Multimédia, na Universidade do Porto. Em Setembro vou iniciar o 2º ano do curso e, daqui a uma semana, se tudo correr bem, já estarei em Roma, onde irei estudar durante 5 meses, pelo programa Erasmus.

Vou com outras raparigas da minha faculdade, com quem partilharei casa e que vão estudar comigo. Tenho a certeza que falarei muitas vezes nelas, nos próximos meses. :)

Resolvi criar este blog para partilhar a minha experiência em Roma com as pessoas mais importantes para mim, em Portugal. E, enfim, para partilhar o que aqui viver com quem quiser ler! E para matar saudades da minha cidade das pontes.

Por esta altura já estou ansiosa, impaciente e com medo. Faltam 6 dias.

Arrivederci!