Ciao!
Já passou bastante tempo desde a última vez que escrevi, a contar das aventuras do IntraRail. Na verdade, não tenho escrito mais frequentemente por falta de tempo, de vontade, de inspiração, e também porque o último texto foi particularmente bem sucedido; ao que parece muita gente gostou da descrição das cidades que visitámos.
Desde que voltámos a Roma, o tempo tem continuado a passar assustadoramente rápido. Há dias e episódios que já não recordo com precisão; lembro-me de coisas vagas sem data definida. Por exemplo, o facto de grande parte dos professores continuar em greve por toda a Itália. De tal forma que, após passarmos um Domingo pós – IntraRail a descansar e a arrumar a casa, acordámos na manhã de Segunda e verificamos que, afinal, não tínhamos aulas. E, hoje, passadas quase duas semanas, continuamos sem aulas e sem saber quando começarão.
Lembro-me também que, no dia 29 de Setembro, fizemos um teste de Italiano, para avaliar o nosso nível de conhecimento da língua (básico, muito básico, está-se mesmo a ver). A partir dos resultados desse teste foram organizadas turmas, para o curso de introdução ao Italiano exigido pela universidade, e que não foi afectado pela greve. Soubemos há uns dias os resultados dos testes, e ficamos todas em turmas separadas, o que é curioso e interessante, bom para nós, até, penso eu.
Na Sexta-feira, dia 1, os meus pais chegaram a Roma. Vieram cá passar cinco dias, aproveitando o fim-de-semana e o feriado do 5 de Outubro, quando se comemora a implantação da República em Portugal. Isto porque o meu pai fez anos na Sexta e, além disso, eu própria fiz anos no dia 4. Por isso, estes últimos dias foram passados a matar saudades da família e a passear por Roma, e foram marcados por várias surpresas muito agradáveis. Só tive pena de o meu irmão não ter podido vir, por ter de trabalhar.
Nesse dia fui com os meus pais ao “Museo Nazionale delle Arti del XXI Secolo” (conhecido por Maxxi), um museu de arte moderna, muito grande e engraçado, planeado pela arquitecta britânica-iraquiana Zaha Hadid, que levou 10 anos a ser construído e custou cerca de 150 milhões de euros. Logo à entrada do museu deparamo-nos com um esqueleto gigante com um enorme nariz, obra de Gino De Dominics chamada “Calamidade Cósmica”. E, dentro do museu, pudemos conhecer pinturas e esculturas muito originais, num espaço confortável e bonito.
À noite fui sair, a uma festa de Erasmus numa discoteca simpática, eu, os outros portugueses da “comunidade” e vários colegas estrangeiros. Diverti-me muito e dancei até não poder mais: é raro em Roma mas, desta vez, o preço de entrada e das bebidas era acessível.
Sábado e Domingo continuei a passear com os meus pais, pela Piazza Navona, pelo Vaticano, pela Piazza di Spagna, pelo Coliseu, Panteão, Fontana di Trevi, pela minha linda faculdade de Ciências da Comunicação, pelas ruas movimentadas de turistas onde eu e a minha mãe nos podemos deliciar com lojas e mais lojas, enfim, percorremos Roma a pé, de autocarro e de metro, abastecendo-nos de pizza e massa e muitos, muitos gelados. Até fomos a uma praia, em Ostea, que acabou por me desiludir pela sua degradação e areia escura, que parece terra. Não há nada como as praias de Portugal. Por outro lado, Trastevere, do lado de lá do rio, foi uma das zonas que mais gostei de visitar, onde dezenas de restaurantes apinhados não só de turistas mas também de italianos se amontoam pelas ruas antigas e harmoniosas.
Segunda-feira foi um dia um bocadinho especial. Pela primeira vez, desde que me lembro de existir, comemorei o meu aniversário fora de Portugal. Almocei muito bem com os meus pais e passeámos pela cidade toda a tarde. À noite, comprei imensas pizzas e um bolo, mas quando cheguei a casa tinham-me preparado uma surpresa! No nosso jardim, os vizinhos tocaram guitarra e cantaram-me os parabéns, e tinham-me preparado um autêntico “festival do chocolate”, e acreditem que não estou a exagerar! Em cima das mesas havia de tudo: mousse de chocolate, bolos de chocolate, tostas com Nuttela, batidos de chocolate, bolachas de chocolate, cereais de chocolate, chocolate, chocolate, chocolate! E agora adivinhem qual foi a minha prenda? Uma enorme caixa feita por eles, forrada com papel de embrulho às cores, e lá dentro…. Muitos, muitos, muitos chocolates! Eu acho que não consigo lembrar-me de todas as marcas de chocolate que lá havia, e não me parece que consigamos comer aqueles chocolates todos nos próximos três meses em Roma!
A festa tinha sido organizada enquanto eu passeava com os meus pais, e a minha mãe sabia, porque ligou à Inês quando estávamos a chegar a casa, para garantir o sucesso da surpresa. No fim ainda fomos a casa da Kamila, uma rapariga polaca muito divertida, que também tinha feito anos no dia anterior, e acabámos por comemorar as duas. Foi uma noite espectacular, apesar de ter saudades dos meus amigos de Portugal, com quem não passei o meu aniversário pela primeira vez. Mas nada que uma extensa troca de mensagens via telemóvel e pela Internet não resolva, tornando possível sentir-me mais próxima de quem gosto.
Ontem os meus pais foram-se embora e eu fiquei doente. Já estava constipada, mas piorei à noite, depois de um passeio pelos principais pontos de interesse do centro de Roma, organizado pelo ESN (caso não se lembrem, a sigla significa “Erasmus Student Network, organizadores de festas e eventos para alunos Erasmus). Aliás, neste momento estou a escrever-vos da minha cama, é uma da tarde e estou rodeada de pacotes de lenços e chá de limão. Foi o Pedro que, ontem à noite, me preparou o chá. É que ele também está doente, coitado.
Cá em casa é assim. Fica um doente, ficamos todos, por solidariedade.
Ou, se calhar, é por vivermos todos no mesmo sítio, passarmos horas nos quartos uns dos outros a partilhar bactérias e vírus.
Se calhar, se calhar é por isso.
Arrivederci!
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