sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Sorpresa!

Ciao!

Desde o dia 20 de Outubro já se passaram tantas coisas que, se eu fosse a descrevê-las todas, ocuparia páginas sem conta e fazer-vos-ia perder horas e horas em frente ao computador. Por outro lado, nem me lembro bem de todos os pormenores desta última semana. Mas há coisas que, definitivamente, não vou esquecer.

Quarta-feira, depois de um dia aborrecido de muitas horas de aulas, fomos sair, a mais uma festa de Erasmus. Eu tinha passado algum tempo na Internet, a falar com amigos e com a minha família e, por isso, fiquei surpreendida quando, por volta das 11 da noite, estava eu prestes a sair de casa, recebo uma mensagem do meu irmão, a dizer que me ia ligar. Fiquei um pouco preocupada, mas quando atendi ouvi-o a dizer:

“Olha, amanhã posso ir aí?”

Sim, o meu irmão perguntou-me, Quarta à noite, se podia vir do Porto e aparecer em Roma no dia seguinte. E veio mesmo. Depois de uma noite muito divertida, onde dancei até não poder mais e contactei com estudantes Erasmus de várias nacionalidades, quase não tive oportunidade de repor o sono perdido.

O Pedro chegou por volta das duas da tarde, e eu faltei à única aula que tinha nesse dia para o ir buscar. Pela terceira vez desde que estou em Roma executei quase na perfeição o meu papel de guia turística. Visitámos a Piazza Navona, a Piazza di Spagna, a Fontana di Trevi, o Panteão e a Piazza del Popolo, tudo na mesma tarde. Percorremos as ruas de Roma em passo acelerado, e chegámos a casa estafados mas felizes por tudo o que tínhamos (re)conhecido. Como tínhamos andado muito, e o meu irmão tinha acordado muito cedo, optámos por ficar a ver um filme com os vizinhos, à noite. “A rapariga Siciliana”, filme original italiano, deve ser muito interessante, mas de tal forma estava confortável entre as almofadas de cama do João e do Pedro (a cama-base onde assistimos às sessões de cinema), adormeci quase imediatamente. Por isso, claramente, não sou a melhor pessoa para opinar sobre o que não vi.

Na Sexta-feira acordámos mais tarde do que o previsto. A Raquel, por seu lado, acordou bem cedo e foi para o aeroporto, porque foi passar o fim-de-semana a Portugal, para o casamento do primo. O meu irmão ficou com o cartão da cantina dela, e pôde comer à vontade a deliciosa comida italiana universitária, por preços bem acessíveis. E ainda beneficiou do passe de estudante, podendo usufruir de todos os transportes públicos romanos sem pagar.

Entretanto fomos ao Vaticano, passeámos pela praça e visitámos Basilica de São Pedro. À noite fomos fazer palhaçadas para a Fontana di Trevi, um local bem mais agradável de noite do que de dia, a julgar pelo número insuportável de turistas até à uma da manhã. Bebemos, jogámos jogos engraçados, enfim, divertimo-nos bastante, e eu pude matar saudades das parvoíces do meu irmãozinho.

Sábado chegou mais uma visita ao condomínio da Comunidade dos Portugueses em Roma. O Jota, amigo da Ana, também aproveitou as promoções da TAP, e apareceu a meio da tarde cheio de boa disposição e sotaque marcado do Marco de Canaveses.

Visitámos o Coliseu que, curiosamente, permitia e entrada gratuita, devido ao facto de terem sido abertas a público duas novas atracções: os subterrâneos e o terceiro andar. O Coliseu, por mais vezes que lá vá, continua sempre imponente! O seu encanto só é afectado pelas ideias pré-definidas de grandiosidade que, ingenuamente, esquecem as marcas de degradação. Não se esqueçam que aquilo foi construído entre os anos 70 e 90 D.C., não é propriamente recente…

Nessa noite continuámos a jogar jogos em grupo e a beber, e a dançar e a cantar e a ouvir música, tudo feito ao melhor estilo “home party”, que as coisas caseiras bem feitas, às vezes, saem bem melhor do que qualquer discoteca. Foi uma noite um bocadinho inesquecível por diversos (estúpidos) motivos, e muita palhaçada, como é costume.

Domingo, enquanto a Ana e o Jota inundavam a casa-de-banho e, consequentemente, toda a nossa pequena casa, e se entretinham a limpar o chão com a esfregona dos vizinhos, eu e o Pedro visitámos o Forum Romano. Foi divertido, porque recriamos algumas cenas daquele tempo (o sonho do Pedro, no fundo, era ser o personagem principal do “Gladiador”), e aprendemos bastante. Note-se que tudo isto foi possível graças ao guia turístico da Vanessa, fonte essencial de informação sobre Roma. Obrigada, Vanessa!

Ao fim da tarde fomos todos à Vila Borguese, que, como já sabem, é dos maiores parques de Roma. Uma espécie de Parque da Cidade do Porto, com patinhos e lagos e muito, muito verde, mas muito maior que o da Cidade Invicta. E à noite realizámos outra sessão de cinema, desta vez com o premiado filme “Os condenados de Shawshank”, que eu já tinha visto mas não me importei de rever.

Segunda-feira a minha rotina regressou mais ou menos à normalidade. Digo isto porque, na verdade, em Roma ainda não estabeleci uma verdadeira rotina. Há sempre coisas novas para ver, diferentes pessoas para conhecer e festas quase todos os dias. A sensação de rotina começa agora, finalmente, a ser construída, por causa das aulas diárias que frequentamos. Depois de levar o meu irmão à estação de comboios, fui ter uma aula de Comunicação Pública, seguida do curso de italiano ao fim da tarde. Entretanto a Raquel regressou de Portugal, e a noite decorreu sem grandes sobressaltos.

Terça-feira, mais aulas durante o dia e noite de Cucagna. O bar do costume das Terças-feiras, onde os estudantes de Erasmus se juntam para conviver, se conhece novas pessoas e se bebe qualquer coisa a preços um bocadinho mais acessíveis do que em qualquer outro bar.

Mais uma vez, eu juro que nem voltei muito tarde para casa, mas acordar todas as Quartas-feiras às 7 em ponto para ir ao curso de Italiano acaba sempre por ser uma verdadeira prova à minha responsabilidade. É que Quarta-feira tenho a primeira aula de 3 horas às 8 da manhã, a segunda das duas da tarde às 5, e a terceira das 5 às 8. É o dia mais cansativo de sempre, onde já não percebo metade do que os professores dizem e os olhos me pesam de verdade. À noite íamos ao cinema do ESN, ver o “Dolce Vita”. Já tínhamos reservado os bilhetes pela Internet, mas a sala de cinema encheu de tal maneira, que os organizadores, após vários pedidos de desculpa, adiaram a segunda sessão para Domingo, às 5 da tarde! Fiquei mesmo triste, porque estava verdadeiramente curiosa para ver o lendário filme, sobre o qual toda a gente fala e que eleva a Fontana di Trevi ao estatuto que tem hoje!

Mas não pensem que o Erasmus em Roma se resume a saídas à noite e passeios. Era bom, era! Pois ontem, alunas aplicadas que somos, fomos até à biblioteca da faculdade, à procura de livros para complementar o nosso (intensíssimo!) estudo! Imprimimos e fotocopiámos apontamentos das várias matérias. À noite fomos a mais uma festa, numa discoteca simpática bem longe de nossa casa. E esta noite teve muito que se lhe diga!

Por um lado conheci várias pessoas novas, entre as quais uns brasileiros sempre alegres e simpáticos (sim, já sei que falar com brasileiros não me ajuda a treinar o italiano!), e dancei bastante. Estava tudo a correr bem, até à altura em que os seguranças nos proibiram de pousar os casacos nos sofás ou no chão da discoteca. Supostamente, deveríamos pagar dois euros para guardar os casacos nos bengaleiros, ou então andaríamos com eles na mão. Porque é que lhes metia tanta confusão que dançássemos à volta dos casacos pousados no chão? Ainda agora não sei, provavelmente para ganharem mais dinheiro com os bengaleiros. Mas a verdade é que, a certa altura, aquilo tornou-se ridículo. Os seguranças a correr por toda a discoteca, em busca de casacos em sofás ou nas escadas…. Enfim.

Eu deixei o meu casaco meio escondido, num sofá, entre os casacos de umas espanholas. E correu-me mal. Os seguranças, enquanto eu dançava descontraída, pegaram em todos os casacos que encontraram e guardaram nos bengaleiros. E, quando íamos embora, eu fui pedir o casaco. E, com toda a calma, disseram-me para esperar que a discoteca fechasse! Reclamei, como é óbvio. Fui falar com um superior, e apontei para o meu casaco, estendido entre tantos outros, no bengaleiro. Ele perguntou-me se tinha alguma coisa nos bolsos do casaco. Eu disse que não. E ele perguntou-me qual era a marca do casaco. E eu disse que não sabia, que o casaco não tem marca (e não tem mesmo). E ele chamou-me mentirosa.

E pronto, a partir daí foi um escândalo. Eu respondi-lhe mal, ele mandou-me passear. Eu dei-lhe o meu bilhete de identidade e jurei que estava a dizer a verdade, que o casaco era mesmo meu. Ele mandou-me passear outra vez. Até que a Joana teve uma brilhante ideia! Fui à procura do fotógrafo (há sempre um fotografo nas festas do ESN). Ele tinha-me tirado uma fotografia no início da festa, quando eu ainda estava com o casaco na mão. E foi essa fotografia a prova (mais que suficiente!) de que o casaco era realmente meu. Ainda paguei dois euros por me guardarem o casaco, e fui-me embora chateada, depois de agradecer ao fotógrafo. Felizmente, este incidente não foi capaz de me estragar a noite. Até porque no autocarro para casa conheci um rapaz português que, vejam lá, é um grande amigo de uma amiga minha, no Porto! O mundo é mesmo pequeno!

E pronto. Estes romanos são loucos.

Arrivederci!

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