terça-feira, 14 de dezembro de 2010

L'albero di Natale

Ciao!

À minha volta toda a gente corre de um lado para o outro, a maior estação de Roma apinhada de gente que se quer proteger do frio junto ao calor do consumismo. Estou em frente à árvore de Natal de Termini.

No lugar de bolas de cristal, folhas de papel. Declarações de amor e cartas ao Babbo Natale. Desejos e ambições, projectos mais ou menos essencias para 2011 (que o Roma ganhe o campeonato este ano, por favor) (por favor, Babbo Natale, faz-me passar nos exames de Janeiro!).

E, no meio das vozes indistintas, uma voz conhecida. Estava tão concentrada na árvore que nem reparei que chamava por mim um amigo meu, italiano, siciliano. Reparou com certeza na minha cara, como que hipnotizada pela árvore. Não percebo o porquê desta sensibilidade, nem o que representa. Talvez seja por estar longe da minha família de sangue e ter saudades.

Ele rasga um papel em dois e eu escrevo o meu desejo, em italiano. Quero voltar a Roma um dia.

Já está o desejo pendurado na árvore de Natal de Termini.





Já tinham saudades minhas e só passou uma semana desde que vos escrevi. Anda a apoderar-se de mim o espírito natalício, e depois acontece isto: faço uma pausa no meu estudo de italiano e ponho-me a escrever em português.

A semana foi passada a preparar trabalhos para a faculdade. Pois é, tem de ser. Quarta-feira ainda fui ao cinema do ESN, e vi um dos melhores filmes italianos de que me lembro (e olhem que, com esta rotina de ir ao cinema todas as quartas-feiras ver filmes italianos antigos, até já conheço bastantes). “Indagine Su Un Cittadino Al Di Sopra Di Ogni Sospetto” é um filme de 1970 sobre o poder da polícia e a sua influência política, que aconselho vivamente.

Quinta-feira acordámos cedo e fomos à faculdade entregar um resumo das nossas propostas de trabalho para a cadeira de Semiótica. Felizmente a professora gostou do que cada uma de nós escreveu (sim, meus amigos, tudo em italiano), e deu-nos luz verde para avançar com o projecto para Janeiro. O meu tem a ver com o filme “Schindler’s List”, e a importância da imagem segundo a óptica de um determinado filósofo, mas eu depois explico-vos melhor.

Quinta-feira tem-se tornado cada vez mais noite de “Kube”, que é uma grande discoteca onde há concertos interessantes e três andares onde se ouvem músicas muito diferentes. O “Kube” não é só frequentado por estudantes estrangeiros, mas sobretudo por italianos, e por isso acabámos por conhecer alguns.

Sexta-feira foi o dia da nossa ceia de Natal, e da troca de prendas entre os portugueses. A Joana preparou bacalhau com natas para 18 pessoas, foi uma proeza incrível. No fim do jantar, trocámos as prendas que tínhamos comprado. Pequenas lembranças até cinco euros, embrulhadas em sacos do lixo pretos sem remetente, para cada um adivinhar quem lhe tinha dado o presente. A mim foi o João que me deu uma espécie de insenso muito agradável, e eu dei à Sara um gel de banho com cheiro a frutas, muito forte e muito bom.

Às 3 da manhã, a Vanessa, o João e o Camelo partiram para a Polónia, onde vão ficar até Quinta, na casa de uma amiga que também está a fazer Erasmus. Eles foram-se embora e eu estou cheia de saudades! Mais tarde chegaram duas amigas da Raquel, que a vieram visitar.

Eu passei o Sábado a passear e à procura de umas meias de vidro que ficassem bem com o vestido que a Vanessa me emprestou para a gala da noite. Sim, o ESN organizou uma gala de fim-de-ano antecipada, no dia 19, porque a maioria dos estudantes europeus vai regressar a casa no Natal. Dancei e diverti-me bastante, como é costume, mas desta vez com dores nos pés, devido aos sapatos de salto alto, na tentativa de ir vestida a rigor. Aproveito aqui para referir que a Ana me ajudou a voltar para casa ao emprestar-me as botas dela (Ana, estás aqui!), apesar de termos andado um bocado a pé com a Inês e o Alejandro (aquele nosso vizinho espanhol), porque não encontrámos o autocarro noturno. E porquê? Porque os nossos queridos vizinhos portugueses estão na Polónia, e eles sempre foram o nosso GPS. Por isso sem eles perdemo-nos mais vezes.

Foi no Domingo que escrevi o texto que inicia a minha publicação de hoje. Fui com um amigo siciliano comprar chocolates, e perdi-me a olhar para a árvore de Natal de Termini. À noite fomos com as amigas da Raquel jantar a Trastevere, onde provei uma massa com frutos do mar, e para acabar bem o dia nada melhor do que um Tiramisu de morango, no “Pompi, il Regno di Tiramisu”.

Ontem passei o dia a estudar italiano e numa aula aborrecida de Comunicação Pública.Foi por isso que não cozinhei para o Eurodinner, e a Cláudia, a Ana e a Inês fizeram as natas do céu. O Eurodinner é um jantar onde cada grupo de pessoas traz uma comida típica do seu país. E devo dizer que comi até não poder mais! Depois fomos ao Locanda (aquele bar/discoteca muito alternativo de que vos falei a semana passada), mas não voltamos muito tarde. Porquê?

Porque amanhã tenho exame de italiano. É verdade. E hoje o dia está a ser passado em casa a estudar. Com esta pequena pausa para escrever, note-se.
Agora com licensa. A gramática chama por mim.

Arrivederci!

Sem comentários:

Enviar um comentário